JOSÉ GURGEL
As interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça na Operação Caronte revelam como atuavam os suspeitos de integrarem a máfia das funerárias no Distrito Federal.
Eram usados métodos que fogem totalmente da ética com que um profissional deve lidar com uma situação de fragilidade humana e ainda criminoso.
Os integrantes da organização criminosa dos papa-defuntos enganavam as famílias, passando-se por funcionários públicos, e médicos contratados pelo esquema.
Emitiam até laudos sobre a morte, sem sequer examiná-los, apenas com relatos passados pelos familiares por telefone.
Alguns diálogos mostram que, em geral, o infarto era causa atestada para os óbitos naturais.
Além do médico Agamenon Borges, preso na última quinta-feira por envolvimento na máfia das funerárias, o Ministério Público do DF e a Corregedoria da Polícia Civil investigam a participação de outros profissionais de saúde que teriam atuado no esquema desbarato pela Operação Caronte.
Os diálogos mostram que médicos cobravam de R$ 400 a R$ 600 por declaração de óbito (fornecida de graça pelo Estado).
O Conselho Regional de Medicina abriu sindicância para investigar o caso.