Levy Fidelix
Tive longa conversa com um jovem (menos de 40 anos), muito bem preparado, sobre o Brasil. Expliquei a ele que a minha geração fracassou porque deixou pessoas inescrupulosas tomarem conta de quase todos os 30 partidos do país. Agora, mesmo com este tsunami político, é impossível garantir candidatos razoáveis para 2018.
O tal jovem confirmou minha impressão. Demonstrou que ele e todos os seus semelhantes não sabem nada sobre partido político. Não conhecem o perfil de nenhuma agremiação, não sabem como se filiar, nem têm endereço de qualquer partido e, consequentemente, nunca conseguirão mudar este quadro.
Saí da conversa consciente de que a grande armadilha que o Brasil caiu vem do ambiente partidário, nas mãos de Jucá, Aécio, Lupi, Lula ou este povo do PP, que nem sabemos o nome.
Fiquei matutando sobre o assunto. De repente, ontem, liguei a TV por raros minutos. E quem me aparece, quem me aparece, meu Deus?
Na tela aberta apareceu um cara muitíssimo feio, de enorme bigode pintado de preto, careca brilhante, chamado Levy Fidelix.
Este cara horroroso é presidente há décadas de um partido nacional chamado de PRTB, com o qual faz negócios escandalosos e ninguém denuncia.
Ele não se elege a nada, nunca, embora tente ser governador ou prefeito em São Paulo, além de se candidatar sempre a presidente, com a mesma proposta: um aerotrem.
Recebe grana do Fundo Partidário, que usa de forma ditatorial, pois só ele manda no PRTB. Quando chega perto da eleição, vende o partido nos estados para quem pagar mais.
Na eleição passada, o comprador em Brasília foi Luiz Estevão, antes de ser preso, que pensava eleger uma bancada de pelo menos quatro distritais – mas não obteve êxito.
No Brasil, partido grande ou partido pequeno é tudo a mesma coisa. Trata-se de porteira fechada para coronéis antigos da política, sem chance de espaço para quem não entrou nessas agremiações há muito tempo atrás.
A primeira reforma que o Brasil precisa é a partidária, para proporcionar renovação e impedir que os mesmos grupos mandem durante as novas décadas.
Mas isso não vai acontecer. Me parece uma guerra momentaneamente perdida.
Não sei o que dizer. (RENATO RIELLA)