«

»

jul 31 2018

Morre o jornalista Ari Cunha; Brasília tem três dias de luto

 

O jornalista, colunista e vice-presidente institucional do Correio Braziliense Ari Cunha morreu durante a madrugada desta terça-feira (31/7), aos 91 anos. Segundo uma das filhas do jornalista, Circe, Ari Cunha faleceu em casa após sofrer falência múltipla de órgãos devido à idade e às condições de saúde dele. O velório está previsto para a manhã desta quarta-feira (1°/8) e o sepultamento, para às 17h, no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.

Pioneiro da notícia, Ari Cunha acompanhou a rotina e lutou por uma capital melhor por 58 anos na coluna Visto, Lido e Ouvido, primeiramente no jornal impresso e depois em um blog na internet. É provavelmente, a coluna mais longeva da imprensa brasileira. Ao longo dos anos, o instrumento serviu para defender, provocar e inspirar moradores e governantes da capital brasileira.

Em julho do ano passado, a diretora de Redação do Correio, Ana Dubeux, fez uma homenagem ao colunista em um artigo que recebeu o título “Ao mestre Ari, com carinho”. A jornalista relembrou características marcantes de Ari, como a risada, o conhecimento sobre Brasília, o amor pelo Nordeste e o jeito como ele tocou um jornal que nasceu com a cidade. “Tudo isso eu tive a sorte de absorver nas longas, produtivas e divertidas conversas. Discutimos também, até sobre machismo, às vezes de forma acalorada, o que só melhorou nossa convivência. Nosso repertório particular soa como trilha sonora de uma amizade leal e cheia de ensinamentos. Levarei sempre comigo”, detalhou.

Filho de Eva e Raimundo Gomes de Pontes Cunha, José de Arimathéa Gomes Cunha nasceu em 22 de julho de 1927, na cidade cearense de Mondubim. Ele descobriu ainda criança a habilidade para a escrita e a para a notícia. Aos 16 anos, em 1944, foi contratado como revisor da Gazeta de Notícias, de Fortaleza, e, depois, trabalhou no jornal Estado.

A bordo de um navio, deixou a Região Nordeste em 1948 em direção ao Rio de Janeiro, onde começou carreira no Bureau Interestadual de Imprensa e no International News Service. Por muito tempo, escreveu a crônica política para vários jornais representados pelo escritório. Trabalhou com Carlos Lacerda, Joel Silveira, Heráclito Sales, Paula Job, Prudente de Moraes Neto, Etiene Arregui Filho, Irineu Sousa e outros destacados jornalistas da época.

A experiência na cobertura também valeu a convivência com políticos de peso, como João Mangabeira, Luiz Viana Filho, Café Filho, José Bonifácio de Andrada, Bias Fortes, Israel Pinheiro, Juscelino Kubitschek. Contratado pela New Press, chefiou a redação em São Paulo durante 10 anos, antes de se transferir para o Última Hora, ao lado de Josimar Moreira de Melo e Samuel Wainer, onde desenvolveu o conhecimento da parte técnica de jornais. Em julho de 1959, passou a fazer parte dos Diários Associados, ajudado pelo amigo Paulo Cabral e contratado por Edilson Cid Varela, gerente do periódico O Jornal. A Ari Cunha foi confiada a reforma da Folha de Goiaz, em Goiânia, onde permaneceu até setembro.

Uma vez na Região Centro-Oeste, a ele foi incumbida a missão de vir a Brasília para estabelecer na nova capital o Correio Braziliense e a TV Brasília. Em 1981, Ari Cunha foi eleito condômino dos Diários Associados. Além da vida intensa na imprensa, ele investiu na vida pública. Em 1961, presidiu a Comissão de Incentivo à Iniciativa Privada, ligada diretamente ao gabinete do então prefeito de Brasília, Paulo de Tarso Santos, ao tempo de Jânio Quadros na Presidência da República.

Entre 1986 e 1987, atuou como vice e presidente do Banco Regional de Brasília (BRB), durante o governo de José Aparecido de Oliveira. Em 1990, assumiu o cargo de vice-presidente dos Diários Associados, cargo que ocupava até hoje. Do casamento com a professora de enfermagem Maria de Lourdes Lopes Cunha, o jornalista teve quatro filhos: Ari, Eliana, Raimundo e Circe

Em nota, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, lamentou a morte de Ari Cunha e decretou luto oficial de três dias. O líder do Executivo local destacou que a história de Ari Cunha se confunde com a história de Brasília. “Chegou aqui cedo e construiu-se como profissional e ser humano com a própria construção da cidade. Ainda menino, aprendi, com a leitura diária de sua coluna por meu pai, que a política é o caminho para ajudarmos as pessoas”, comentou Rollemberg.

Fonte: Correio Braziliense

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode usar estas tags e atributos HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

*