Acho revoltante ver uma cidade tão bem informada, totalmente transparente, ser roubada durante anos por grupos diversos que têm comandado a economia de Brasília.
Esse caso do cartel dos postos de gasolina é velho e já havia sido denunciado milhares de vezes pelo deputado Chico Vigilante, inclusive numa CPI.
Além deste, tivemos durante décadas a Viplan, manipulando tudo na nossa cidade, hoje culminando com a prisão de um ou outro Canhedo.
Num plano social mais baixo, um dia haverá investigação sobre os táxis de Brasília, que praticam todo tipo de aberração. Por exemplo, há muita gente que mantém essa concessão, mas usa o carro como automóvel de passeio. Os custos desse sistema nunca foram apurados direito, etc.
Temos uma empresa, a Sanole, que fornece alimentos para todos os hospitais há 50 anos. Nunca vi comparação desses preços com aqueles praticados em outras capitais brasileiras. E nunca vi nenhum estudo visando quebrar esse monopólio, por exemplo com compras regionais.
A área de limpeza, segurança e asseio também é dominada sempre pelas mesmas empresas, muitas delas ligadas a políticos, geralmente deputados distritais. Como comparar esses preços com a média nacional?
O transporte coletivo saiu da Viplan para o comando da família Constantino. Uma CPI na Câmara Legislativa tenta apurar irregularidades nessa área – mas não dá para esperar muito.
Na verdade, entre muitas aberrações, a maior de todas ocorreu no governo Arruda, quando pelo menos 20 distritais receberam, cada um, R$ 500 mil para aprovar o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF (PDOT).
Com esta votação bandida do PDOT em dois turnos, depois sancionada pelo famigerado Arruda e protegida pelo Ministério Público do DF (na época do Leonardo Bandarra), grandes áreas de terras rurais foram transformadas em terrenos urbanos, sofrendo monstruosa valorização.
Uma famosa fazenda, perto da fronteira de Goiás, subiu de preço cem vezes graças a essa mudança, e resultou num valorizado condomínio.
Há muitos outros fatores de corrupção a se investigar no DF. Por exemplo, empresas de informática que eram famosas há cerca de 10 anos estão sendo investigadas dentro da Caixa de Pandora.
Muitas dessas empresas tiveram dívidas de milhões reconhecidas pelo governador Arruda, relativas a anos anteriores, só que os serviços nunca foram prestados.
O juiz Álvaro Ciarlini, que está à frente do processo, deve destampar esta tampa no próximo ano – e vai ser mais um escândalo.
Tivemos problemas na coleta de lixo, na merenda escolar, muitos outros no BRB, tudo nas nossas barbas, pois nesta cidade a gente fica sabendo de tudo – a transparência (e o cinismo) é muito grande.
Assim, de vez em quando as autoridades estouram um cartel. Será que vai melhorar?
Epa! E não esqueçam o trambicado Pró-DF. Em diversos governos, empresários deram dinheiro vivo a malandros oficiais para obter terrenos e incentivos do GDF. Seria um grande escândalo, se apurado ainda hoje, anos depois.
Obs: se deixei de citar algum caso foi por esquecimento, mas lembrarei algum dia.
(RENATO RIELLA)