RENATO RIELLA
No auge da crise, afetando seriamente o marcado de automóveis, a Honda lançou o HRV. Este carro hoje tem fila nas concessionárias – e não é barato: mais de R$ 80 mil.
Na verdade, a Honda fez uma versão compacta do luxuoso CRV, que custa mais de R$ 120 mil, concorrendo com sua própria linha de carros. E explode de vender o lindinho HRV!
Isto é inovação.
O Uber é inovação. Se não for proibido, vai explodir no Brasil. Gente que nunca andou de táxi, por rejeitar este péssimo serviço, está se acostumando a usar os carros pretos com motoristas de paletó.
INDÚSTRIA ACOMODADA, LONGE DO CONSUMIDOR
Estive em Lisboa durante uma temporada, em agosto. Percorri supermercados como turista e vi como nossa indústria é acomodada, sem criatividade, sem marketing.
Vou dar um exemplo banal: biscoitos. No Brasil, vivemos limitados aos tipos Maisena, Maria e até o famigerado Mabel.
Você entra num mercado português e não tem como não comprar. Há ótimos biscoitos, simples e baratos, para você usar no lanche, dentro do carro, no café da manhã, etc. Fiquei com pena das minhas netas, que seriam muito felizes em matéria de biscoitos, se morassem em Portugal.
Sei que existe uma crise no Brasil, mas a chamada imprensa escrita está quase se acabando, por falta de vontade de viver, de interagir, de se adaptar a novos tempos.
Falta um mínimo de inovação na imprensa.
Vou dar um exemplo, que me incomoda. Por exemplo, caros coleguinhas, porque não acabar com os cadernos de TV, infantil, turismo, etc?
Muitos de nós, quando recebemos nosso exemplar do jornal, separamos esses cadernos, que vão para o lixo sem leitura nem mesmo superficial. Vale integrar esses cadernos ao corpo do jornal, com inteligência, para valorizar este material.
Será que os jornais médios e grandes fazem pesquisas sobre suas seções, para ver o grau de aceitação?
Por que não ampliam a interatividade?
Por que não focam em campanhas, com temas de interesse direto do seu público?
Jornais e biscoitos carecem de inteligência para superar a crise. Mas não buscam isso fora dos seus círculos viciados e viciosos.
Continuando assim, haverá algum tipo de Uber que vai afetar estes dois setores acomodados e muitos outros setores decadentes.
