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ago 29 2015

NA EUROPA, ACREDITA-SE QUE O BRASIL VAI SE RECUPERAR QUANDO SUPERAR A CRISE POLÍTICA

RENATO RIELLA

Arrisco-me a afirmar que, no chamado Primeiro Mundo, existe muito mais preocupação com a crise política brasileira do que com a crise econômica.

Estrangeiros bem informados, potenciais investidores, perguntam assim: “Quando Michel Temer vai assumir?”

Não perguntam sobre a inflação, nem sobre o PIB, nem sobre a desvalorização do real.

 

TRÊS DIAS DE PROSPECÇÃO EM LISBOA

Passei três dias muito intensos em Lisboa, acompanhando empresários brasilienses da área de tecnologia, que foram prospectar negócios com europeus.

Trabalheira doida: café da manhã, reunião de manhã, almoço de trabalho, e reunião à tarde, em ritmo intenso, dando explicações sobre os mercados brasileiros de maneira geral. Muitas perguntas e respostas (à noite, um vinho nacional, que ninguém é de ferro).

Um alemão definiu tudo: “Se o PIB do Brasil cair 2% este ano, ainda assim o mercado brasileiro ainda será um dos maiores do mundo em todas as áreas”.

Não acredite na sinistrose dos jornais brasileiros. Eles estão apavorados com o preço do papel de impressão, que é cobrado em dólares e subiu muito nos últimos meses.

 

PORTA DE ENTRADA NA AMÉRICA

Na verdade, o Brasil hoje é visto como principal porta de entrada no mercado latino-americano. Pelo nosso país, podem ser acessados países importantes, como Chile, Colômbia e Peru (principalmente estes).

Maldita mesmo é a Argentina. Investidores europeus diversos dizem que não esperam nada de Buenos Aires, onde compromissos não são cumpridos. E, além disso, é quase impossível a um investidor estrangeiro retirar dólares da Argentina.

O Brasil, não! Nosso País sofre um desencontro na política, mas os europeus estão acostumados com isso. Reconhecem que temos instituições fortes, que darão as respostas necessárias no momento certo.

Há mais confiança no Brasil do que em países como China e Índia, e mesmo Angola, nação africana que não está madura ainda para ser parceira comercial.

No Brasil, há transparência e visibilidade. A nossa Justiça tem dado demonstração de zelo pelo interesse público. E o nosso mercado, mesmo em crise, é poderoso.

 

ECONOMIA TEM SEU DINAMISMO

Viajei num vôo da TAP lotado, lotado, lotado (na volta, menos). Vimos recentemente o Bradesco comprando o HSBC. Teremos um Natal intenso, talvez com compras adaptadas e preços mais realistas. E os brasileiros podem estar viajando menos ao exterior, mas intensificam as viagens internas.

Não esqueçam que a agropecuária brasileira deve crescer bastante este ano. Etc.

Conversei com portugueses, belgas, franceses, holandeses e alemães, nos três dias de trabalho. Todos só querem saber de oportunidades em áreas específicas. Há muito dinheiro a se ganhar no Brasil e na América Latina.

 

UM MERCADO MONUMENTAL

Fiquei impressionado de ver como os estrangeiros se surpreendem com a dimensão do Brasil, com 26 estados (mais o DF), 204 milhões de habitantes, área geográfica dezenas de vezes maior do que qualquer país europeu, etc.

Uma empresa de Portugal, da Holanda, da Bélgica e até da Franca, ao fechar negociação com empresa similar do Brasil, pode ter suas demandas multiplicadas por dez ou vinte vezes em pouco tempo (e talvez nem tenha como atender ao desafio pleno).

Assim, somos obrigados a reconhecer que o Brasil é um país momentaneamente sem governo. Mas o mundo está de olho na normalização do nosso País, que pode acontecer a qualquer momento.

Acredite: nosso principal problema é político. A economia reagirá na hora que o Palácio do Planalto voltar a funcionar.

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