Esta história tem tempo pra caramba, mas não esqueço.
Em Salvador, os filhos de Agenor e Cecília já tinham mais de dez anos. Já não acreditavam em Papai Noel, é claro. Mas o casal baianíssimo insistia em botar os presentes nas nossas sandálias de madrugada, quando a gente já estava dormindo.
Naquele Natal, sabia que ganharia um livro infantil de Monteiro Lobato: “O Saci” – genial!
Na verdade, tinha lido todos os outros, creio.
Dormi antes da meia-noite, ligadão. Às 3 horas da manhã, acordei no automático. O presente estava lá, no chão, pé da cama, embrulhadão..
Sabem o que fiz?
Fui para a sala e li, li, li, fui feliz – fui feliz, fui feliz!
Quando o pessoal acordou, depois das 8h, o estranho filho já havia lido “O Saci” uma vez e estava na releitura.
Acho que por isso recebi do meu primo Ubiratan Riella, primo-irmão, o apelido de Barbosinha (em lembrança do ídolo dos baianos, o grande Ruy Barbosa). Até hoje ele me chama assim, e muita gente não entende.
Deus salve Monteiro Lobato, um anjo duro que habitou o Brasil. (RENATO RIELLA)