/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/S/Z/Q7DRAYQ5edyUjAFO8fSQ/vencedores-do-nobel-de-fisica.jpg)
Os três pesquisadores, ligados a universidades dos Estados Unidos, dividem igualmente o prêmio de 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões) pela descoberta de efeitos quânticos em circuitos elétricos, capazes de demonstrar que as leis bizarras da física quântica também se aplicam a sistemas grandes o suficiente para caber na palma da mão.
Os experimentos conduzidos por Clarke, Devoret e Martinis mostraram que fenômenos quânticos — antes observados apenas em partículas microscópicas — podem ser recriados em circuitos elétricos de tamanho macroscópico.
Na prática, eles construíram um circuito feito de supercondutores, materiais que conduzem corrente sem resistência elétrica, separados por uma fina camada isolante, formando uma junção Josephson. Quando a corrente atravessava o circuito, os cientistas perceberam algo inédito: o sistema conseguia “atravessar” uma barreira de energia — um comportamento conhecido como túnel quântico.
Isso significa que o circuito, mesmo sendo composto por bilhões de partículas, agia como se fosse uma única partícula gigante, obedecendo às mesmas regras da mecânica quântica.
“É maravilhoso celebrar como a mecânica quântica, criada há mais de um século, ainda oferece novas surpresas — e continua sendo a base de toda a tecnologia digital”, disse Olle Eriksson, presidente do Comitê Nobel de Física.
Os pesquisadores também mostraram que o sistema só absorve e emite energia em quantidades específicas, um fenômeno conhecido como quantização de energia — o mesmo princípio que rege os elétrons dentro dos átomos.
A descoberta abriu caminho para tecnologias que hoje formam a base da computação quântica, dos sensores de precisão e da criptografia avançada.
O professor John Martinis, por exemplo, utilizou mais tarde os mesmos princípios de quantização que descobriu com Clarke e Devoret para construir os primeiros protótipos de bits quânticos (qubits), os blocos fundamentais dos computadores quânticos.
Esses sistemas têm o potencial de resolver problemas complexos em segundos — tarefas que levariam anos nos computadores convencionais.
Os cientistas premiados
- John Clarke, 83 anos, nasceu em Cambridge, no Reino Unido, e é professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
- Michel H. Devoret, 72, nasceu em Paris e é professor na Universidade de Yale e na Universidade da Califórnia, Santa Bárbara.
- John M. Martinis, 67, também atua na Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, e é um dos principais nomes da física aplicada aos circuitos quânticos.
Fonte: g1 -Poliana Casemiro, Talyta Vespa,
Foto: Divulgação – Premio Nobel