Biotic – ou biótico em inglês – significa tudo aquilo que é inerente aos seres vivos. Está vinculado ao processo de formação, o que não inclui a capacidade de gerar tecnologia de ponta. É o similar brasiliense do antigo “Samba do Crioulo Doido”, do imortal Stanislaw Ponte Preta.
Essa incoerência chamou a atenção dos estrangeiros que participaram do lançamento do projeto do Parque Tecnológico de Brasília durante o Congresso Mundial de Tecnologia da Informação – WCIT 2016.
O modelo do Parque foi anunciado pelo Governo do DF no evento, que atraiu pessoas de mais de 40 países.
O projeto, originalmente voltado ao desenvolvimento de Tecnologia da Informação por meio da criação de um polo focado na produção, inovação e exportação do potencial brasiliense, foi apresentado sob a nomenclatura ridícula de “Biotic”.
Este nome maluco foi definido pelo Governo do Distrito Federal após vinculação da concepção do espaço ao termo de cooperação geral com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), pretendendo-se incluir a biotecnologia ao escopo da proposta.
“À primeira vista, levando em consideração o nome e a identidade visual do projeto, a impressão é que ele será voltado mais às pesquisas do que à produção. Visualmente, tive o impulso de pensar em algo que cuide da Amazônia, por exemplo, que é um símbolo do país”, disse Mattew Park, dos Estados Unidos, surpreendido com a idéia extravagante.
O empresário Chang Way, da Coreia do Sul, confessou que não entendeu a finalidade do Parque, uma vez que ele não seguirá os Parques Tecnológicos já conhecidos.
“Talvez o foco esteja muito amplo. Muitas pessoas dizem que o segredo do Vale do Silício é o equilíbrio entre o governo, empresas e investidores. O Brasil deve encontrar esse equilíbrio”, opinou.
Para os brasileiros que acompanharam o processo ao longo dos 15 anos de discussões, falta uma definição efetiva.
“Já teve tantos nomes. Acho que o mais óbvio seria manter Parque Tecnológico, porque é assim que locais como este são chamados em todo o mundo, além de manter mais latente o objetivo que eles dizem ter com o projeto”, disse o paulista Jefferson Soares.
A proposta de Biotic já havia sido criticada pelo Sinfor/DF desde o anúncio pelo governo.
O presidente do Sinfor, Ricardo Caldas, previa que a apresentação do Parque ao público estrangeiro com uma nomenclatura dúbia causaria desconforto nos empresários locais.
“Não queríamos mostrar ao mundo um projeto de tão grande potencial cujo nome é pouco representativo e nada objetivo. A forma como o Parque será chamado diz muito sobre sua identidade e a capacidade de gerenciamento da cidade”, afirmou Caldas.
Em reunião com o Sinfor/DF, o governador Rodrigo Rollemberg se comprometeu a repensar o nome do Parque, além de convidar o Sindicato para estar presente em todos os encontros de deliberações a respeito do projeto.
O objetivo é que o mercado possa participar ativamente das decisões que impactarão diretamente no sucesso do polo de TI de Brasília.