RENATO RIELLA
Em meio à polêmica sobre o parto ocorrido no Hospital da Ceilândia em condições desumanas, decisões importantes para a saúde do DF foram tomadas na semana passada sem que houvesse a necessária divulgação, até mesmo para debate público.
A principal decisão, ocorrida como votação do Conselho de Saúde do DF, aprovou a recriação da Fundação Hospitalar do Distrito Federal, órgão extinto na década de 90, mas hoje considerado útil. A antiga FHDF, se voltar mesmo a funcionar, dará ao setor de Saúde mais velocidade nas decisões, hoje concentradas na Secretaria, a qual passará a ter, comente, poder normativo e político.
Compras, contratações e administração orçamentária ficam facilitadas numa estrutura específica de fundação, mas sabemos que essa decisão do Conselho de Saúde levará algum tempo até poder se concretizar. Duvido muito que a FHDF volte a operar ainda neste governo – isto é, até o fim de 2014.
Outra decisão importante do Conselho de Saúde foi a terceirização dos serviços de lavanderia da Secretaria de Saúde e seus hospitais. Até então, isso vem sendo feito pelo próprio governo, em condições a cada momento mais precárias, por falta de pessoal e incapacidade para manutenção de equipamentos. Há serviços na saúde que precisam ser contratados à iniciativa privada. A lavagem das roupas e outros tecidos é um deles.
O Conselho de Saúde quer também que a Faculdade de Saúde do DF se transforme numa universidade de Saúde voltada para a formação de profissionais que possam operar dentro do Sistema Único de Saúde. Nesse sentido, foi aprovada a criação da Unisus-DF, que abrangerá as estruturas de ensino já existentes, com ampliação de vagas e de serviços educacionais diversos.
Para quem não sabe, o Conselho de Saúde tem representação governamental na sua formação, mas na verdade conta com presença forte e decisiva da sociedade civil na sua estrutura. Suas decisões têm de ser cumpridas pelo governo, como preceito constitucional, embora muitas vezes sejam proteladas. Esperamos que dessa vez as coisas não demorem muito, pois o desgaste da aparelhagem oficial de saúde é mesmo enorme.
