RENATO RIELLA
O aumento das passagens de ônibus no Rio, em São Paulo e em Goiânia despertou agressivas manifestações organizadas pelas redes sociais, principalmente no Facebook, talvez com influência de entidades de posições extremas, como o PSTU.
São reajustes ínfimos, necessários diante do aumento dos insumos que incidem sobre o transporte coletivo, mas assim mesmo despertaram a ira do povo. Na verdade, parte da população está testando os governos, que não estão habituados a lidar com essas manifestações ruidosas.
Falta pouco para morrer algum jovem, que será transformado em mártir dessa luta sem ideologia. É uma situação grave, pois os policiais militares e outros tipos de policiais às vezes entram em pânico e usam armas de fogo, como aconteceu recentemente na morte de um índio – e como aconteceu há alguns anos na Novacap, onde foi assassinado um servidor grevista.
Um dos temas dos manifestantes é a defesa da tarifa zero. Isso quer dizer que eles sonham com um sistema de ônibus nas grandes cidades onde ninguém pagará mais pelas passagens, o que seria um absurdo.
Acompanhei decisões técnicas sobre isso há alguns anos e aprendi que, em matéria de serviços públicos, é perigoso dar atendimento gratuito.
Se a passagem não for cobrada, surgirão muitos negócios em função dos ônibus, ampliando o custo do serviço. Empresas serão constituídas levando em conta esse custo zero, passando a ser financiadas por todos nós, os contribuintes.
Além do mais, a tarifa zero gera desperdício. Os vales alimentação por exemplo, se entregues sem custo para o trabalhador, serão banalizados, provocando desperdícios.
Trata-se de questão complexa que os governos precisam enfrentar com força policial bem treinada. Corre o risco de haver manifestações dessa ordem, de maior porte, durante a Copa do Mundo, pois há revolta em grande parte da população com o custo exagerado (e suspeito) dos estádios.
O Palácio do Planalto não leva ainda em conta o descontentamento do povo com denúncias não apuradas e desvios diversos que a TV Globo mostra diariamente. Podemos ter explosões incontroláveis se não houver maior combate à impunidade e maior transparência nos gastos públicos.