RENATO RIELLA
A manifestação que agitará diversas cidades brasileiras, no próximo domingo (15), carece de objetivo prático. Por isso, deverá ser confusa. O que podemos colocar nas nossas faixas de protesto?
Na reta final da semana, mais bem informados, todos perguntarão se vale a pena lutar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Tirar a mulher é mesmo a saída?
É preciso deixar claro que, se ela for destituída do cargo pelo Congresso Nacional, quem assume é o vice-presidente da República, Michel Temer.
Para quem não sabe, Temer é o presidente nacional do PMDB. Se virar presidente da República, terá como principal missão proteger o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, enrolados até o pescoço no escândalo da Petrobras.
Mais ainda: se Michel Temer, que já é bem velhinho (embora seja casado com uma jovem, com perfil de miss), morrer de repente, quem assume a Presidência é o deputado Eduardo Cunha.
Na linha de sucessão, depois de Cunha, vem o próprio Renan.
Se nada der certo com os políticos, quem vira presidente da República é o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Levandowski.
Para quem não sabe, este ministro do STF é tragicamente ligado aos petistas. Consta que havia uma vaga de ministro no Supremo e o então presidente Lula não conseguia indicar ninguém. Vivia muito indeciso, naquela época do Mensalão.
Sabe como foi escolhido o tal ministro (hoje presidente do STF)? A mulher do Lula, Dona Mariza Letícia, lembrou do Levandowski, um juiz amigo da família, de São Bernardo do Campo. E ele hoje está bem situado na cadeia sucessória da Presidência da República, graças ao palpite da Primeira Dama.
NÃO DÁ PARA ESCAPAR DE PT E PMDB
Se milhões de brasileiros saírem às ruas no domingo, mesmo assim não escaparemos do PT e do PMDB comandando este apavorado Brasil.
E, caso ocorra algum grande movimento, que obrigue o país a realizar uma nova eleição para presidente da República, vocês duvidam que o apedrejado Lula consiga se eleger? O PT levantará as suas massas e aí…
Outra hipótese trágica é um novo golpe militar, como aconteceu em 1964. Ou uma revolução bolivarionista, liderada pelo MST. Socorro!
Em resumo: o Brasil se ferrou.
Deus deixou de ser brasileiro quando perdemos de 7×1 para a Alemanha. Nunca mais o “Homem” olhou para estes lados do Hemisfério Sul.
Vamos, portanto, rezar muito, para que o pior deixe de acontecer. E o pior não para de freqüentar nosso dia a dia!
De qualquer modo, vale a pena protestar no domingo. Se não ganharmos nada com o impeachment da Dilma, pelo menos mostraremos que estamos insatisfeitos, à beira de um ataque de nervos coletivo.
A síntese do Brasil, hoje, é que os políticos abandonaram aquela filosofia que vem da década de 50, com o paulista Adhemar de Barros, que criou o slogan “rouba mas faz”. Maluf foi seu fiel seguidor e por isso está vivo politicamente ainda hoje.
Nos quatro governos petistas vimos que se instalou um novo slogan, suicida e masoquista: o “rouba e não faz”.
Assim, podemos perceber que as coisas não vão acabar bem. Será que viraremos uma imensa Grécia?
Mas o impeachment certamente não é a saída, como bem percebeu o experiente Fernando Henrique Cardoso. Ruim com Dilma, pior sem ela – por enquanto.