CEZAR MOTTA
Em seu depoimento à Justiça, Emílio Odebrecht teria dito, em ato falho, que a sua empreiteira “governava” o Brasil.
Nenhuma novidade. Todo mundo que perambula pelo Congresso sabe que as empreiteiras elaboram boa parte das emendas parlamentares ao Orçamento Geral da União.
Cerca de 2% do Orçamento ficam à disposição para que deputados e senadores apresentem emendas de interesse de suas regiões, para obras de construção civil prometidas em campanha.
Atentas, as empreiteiras já chegam com o prato feito para emplacar suas obras, e o parlamentar apenas assina.
Em 1987, Jânio de Freitas publicou em código, na Folha, cinco dias antes, o resultado de uma concorrência para construção da Ferrovia Norte-Sul, que seria dividida em várias partes. O anúncio para desmascarar a fraude saiu nos classificados.
Os grandes empreiteiros nunca saíram de dentro do Palácio do Planalto. No governo Sarney, Murilo Mendes, da Construtora Mendes Júnior, Emílio Odebrecht, o pessoal da Andrade Gutierrez chegavam a viajar com o presidente pra cima e pra baixo. “São amigos do presidente”, era a explicação oficial.
Isso sempre aconteceu, mas tomou proporções gigantescas no governo Lula.