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jul 10 2013

O POVO FALOU E ELES NÃO ENTENDERAM NADA

 RENATO RIELLA

Tenho falado com muita gente para entender o que está acontecendo com o povo brasileiro. Cada vez mais me certifico que o Palácio do Planalto, o Congresso e a imprensa não captaram nada.

Falei longamente até com um importante ministro, mas também com professores, analistas econômicos, deputados, dirigentes sindicais, etc – mas só vejo perplexidade e péssimas soluções.

De todos, o melhor depoimento veio de um rapaz do Paranoá, com menos de 30 anos. Ele trabalha numa faculdade particular, já começou um curso superior (mas interrompeu), tem uma moto, não quer casar tão cedo – e é moderado.

Bebe pouco, não namora muito, joga bola de vez em quando, nunca teve partido nem candidatos, gosta de morar no DF e quase nunca viajou.

Esse carinha me contou que, de repente, pôde passar dez dias em Miami, no apartamento de dois amigos que estão trabalhando por lá. Teve dificuldade para conseguir comprar a passagem, foi difícil obter o visto dos EUA e penou para levar apenas 500 dólares. Mas viajou.

Na volta, espremido na classe econômica do avião, ficou pensando: “O quê mais me impressionou nos Estados Unidos? O quê?”

Não foram as mulheres, nem os shoppings, nem a enorme variedade de carros, nem as comidas (grana curta!) – quase nada.

Sabem o que mais impressionou o garoto do Paranoá? A qualidade do asfalto.

Ele me falou assim: “Cara, nunca pensei que existisse um lugar no mundo sem nenhum buraco nas ruas. Sem aquelas lombadas nas curvas. Sem boca-de-lobo entupida. Dirigi uma moto por lá e vi quanto arrisco a minha vida nos buracos do DF, de maneira geral”.

O turista de dez dias frequenta todas as passeatas, onde protesta contra políticos que até hoje não aprenderam a comprar asfalto de qualidade. Ou então, políticos que estão sendo subornados pelas empresas de construção para aceitar qualquer porcaria.

Enquanto isso, alguns babacas acham que o povo está cobrando jornada de 40 horas, crime hediondo para corrupção, mudança nos suplentes de senadores, taxa de juros menores, fim de mordomia de uns e outros, etc.

O povão pediu – e não foi ouvido – que as coisas mínimas funcionem. É asfalto de qualidade mínima (o de hoje não tem nenhuma qualidade), hospitais com instalações mínimas, escolas sem goteira, ônibus que não quebre à noite em plena Estrutural, etc.

Quanto a isso, a presidente Dilma, o também presidente Renan Calheiros e o outro presidente fabista, aquele da Câmara Federal, não dizem nada, porque não entenderam nada.

E se fizerem plebiscito, será em cima de perguntas que o povo não quer responder ————————–RENATO RIELLA

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