No Dia do Repórter, conto como sofri muito na Bahia, por causa da minha extrema timidez.
Lembro que o chefe de reportagem, Lins, marcou entrevista com um médico famoso de Salvador, sobre a cura do câncer. Oba! Fui pautado para fazer a entrevista – com apenas 18 ou 19 anos….
Subi ao terceiro andar, pela escada, morrendo de medo. Passei quatro ou cinco vezes em frente à porta do consultório. Observei bem a secretária velha do médico, em animada conversa com alguns clientes.
De repente, tomei distância, respirei fundo e entrei, gaguejando: “Boa tarde, sou repórter do Diário de Notícias!”
-Finalmente, finalmente! Ele está lhe esperando. Pode entrar, pode entrar! Como é mesmo o seu nome?….
Fiz uma ótima matéria. E fiquei amigo do cara, bem mais velho.
Minha mãe, Cecília, morria de pena de mim, por essa timidez. Falava assim: “Imagine um repórter tímido!”
Nesses 50 anos, melhorei um pouquinho, mas continuo passando quatro ou cinco vezes numa porta até ter coragem de entrar. Ufa! (RENATO RIELLA)