Brasília não produz nada. A única produção significativa de Brasília é manga, fruta que dá de graça nas mangueiras plantadas nas ruas.
Esta análise dura, exagerada, foi feita pelo presidente da Federação das Indústrias do DF (Fibra), o genial Antônio Fábio Ribeiro (falecido há alguns anos). Ele dizia: “A gente importa até papel higiênico”.
Em décadas passadas, Antônio Fábio falava isso para provocar os empresários e o governo do DF. Realmente, nosso atraso era grande. Brasília era uma cidade meramente administrativa.
De lá para cá melhorou muito, mas creio que a grande produção vem ainda das mangueiras plantadas pelo eterno jardineiro de Brasília, o inesquecível Ozanam Coelho.
Milhares e milhares de mangas perdem-se nas diversas vias da nossa cidade, sem que a gente consiga colhê-las. No Parque da Cidade, há muitas, que de vez em quando recolho e levo pra casa, feliz como criança.
Há poucos dias, passei pela L4 Norte às 6h da manhã e parei alguns minutos para ver uma cena incrível.
Um rapaz bem vestido estacionou seu carrão na beira da pista, ao ver uma mangueira carregada. Muito bêbado, saindo de alguma festa próxima, ele tentava derrubar mangas maduras jogando na árvore mangas verdes, que pegava no chão.
A cada apedrejamento, tonto, caía para trás e ria. Levantava e tentava de novo. Fui embora pensando: espero que o esforço diminua o teor alcoólico. Creio que ele sobreviveu, pois não vi no noticiário relato de desastre naquela área.
E assim segue a vida.
A manga é um grande valor que Deus deu aos brasileiros – no caso de Brasília, até em excesso excessivo. (RENATO RIELLA)