ALEX SOLNIK
Ao expulsar 35 diplomatas russos do território americano, sob acusação de participar de ciber ataques com o objetivo de provocar a derrota de Hillary, Obama desencadeou o incidente diplomático mais grave com a Rússia desde o episódio dos mísseis de Cuba, em 1961 quando o mundo esteve sob ameaça de guerra nuclear.
A medida extrema de Obama, acompanhada de ameaças de novas sanções, algumas das quais serão tomadas sem anúncio, como disse, o que significa que a expulsão foi só o começo do que pode ser uma escalada de retaliações, não deixa outra opção a Putin senão responder na mesma moeda.
E a sua resposta vai, por sua vez, provocar mais outra de Obama.
E tudo o que mundo não queria era terminar o ano nessa tensão nuclear às vésperas da posse do novo presidente americano, este sim, tido e havido como muito mais agressivo que o supostamente moderado Obama.
Obama criou um problemão para Trump ainda antes de assumir.
Se ele não readmitir de volta os russos expulsos assim que tomar posse, a 20 de janeiro, vai corroborar a tese de Obama de que são espiões que influíram nas eleições americanas e, portanto, reconhecer que sua vitória não foi limpa.
Seria um desastre para Trump, poderia ser uma senha para a eclosão de um movimento popular pela anulação das eleições.
Se, por outro lado, convidar os russos a voltar, considerando-os, assim, injustiçados, vai contestar o seu conterrâneo e dar razão a Putin, o que poderá ser interpretado pelos americanos como traição à pátria.
Obama acabou de estragar as festas de Ano Novo, mas esse pode ser o dano menor que ele poderá causar.
Devolver o Prêmio Nobel da Paz era o mínimo que deveria fazer.