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nov 23 2016

ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA TOMOU CONTA DA CBF, DIZ RELATÓRIO DA CPI

JOSÉ CRUZ

Após um ano e meio de investigação, um relatório paralelo apresentado, nesta quarta-feira (23), na CPI do Futebol concluiu que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi tomada por uma organização criminosa, que tem como membros altos dirigentes da entidade, funcionários, empresários e até políticos. O documento com 1024 páginas é assinado pelo presidente da CPI, senador Romário (PSB-RJ), e pelo senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP).

O relatório apresentado hoje contrapõe ao protocolado pelo relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR), criticado por ser meramente propositivo. “De um lado, temos o relatório chapa-branca, que apenas traz sugestões genéricas e indolores, sem investigação, sem relatos de crimes, sem qualquer sugestão de indiciamento. Do nosso lado, podemos afirmar que se trata de um documento produzido com muito trabalho e seriedade. Nele, estão descritos com riqueza de detalhes diversos crimes e a forma como eles foram praticados pelos dirigentes da CBF, de Ricardo Teixeira a Marco Polo Del Nero, passando por José Maria Marin”, afirmou o senador Randolfe ao defender o relatório alternativo.

Os membros da CPI pediram vistas e a votação dos relatórios ficará para a próxima sessão deliberativa da comissão.
A partir de documentos obtidos com o departamento de Justiça dos EUA, com a Polícia Federal brasileira e outros fruto de quebras de sigilos dos investigados, Romário e Randolfe conseguiram identificar o modus operandi do que eles chamam de organização criminosa. Baseado nisso os senadores pedem no relatório o indiciamento de nove pessoas: dos ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira e José Maria Marin (preso), do atual presidente Marco Polo Del Nero, dos ex-diretor financeiro da entidade Antônio Osório Ribeiro, do diretor jurídico Carlos Eugênio Lopes, dos empresário Kleber Leite e José Hawilla (preso), do prefeito de Boca da Mata, Gustavo Dantas Feijó, e do deputado federal, Marcus Antônio Vicente.

“Podemos resumir o assunto afirmando que praticamente tudo o que a CBF fez, sob a direção dessas pessoas citadas, foi corrompido. Fornecimento de bens e serviços, contratos de patrocínio, contratos de jogos amistosos, transferências de jogadores, tudo virou esquema para receber vantagens, que proporcionaram uma vida de luxo a dirigentes que só trabalharam para eles mesmos”, afirmou o senador Randolfe durante a sessão.

Os pedidos de indiciamento estão baseados em infrações penais listadas nos capítulos referentes ao caso FIFA; ao financiamento não declarado de campanhas eleitorais pela CBF e a um acordo fraudulento juntado no Superior Tribunal de Justiça – STJ, tudo isso descrito em longos capítulos do relatório. Parte importante das provas foram obtidas a partir da troca de emails entre Marco Polo Del Nero e diversas pessoas obtidas na operação Durkheim e compartilhadas com a CPI, todos anexados ao documento.

Obstrução

O relatório também descreve a forte obstrução que as investigações sofreram por parte de parlamentares ligados a CBF, assim como de lobistas que trabalham para a entidade. Fato que impediu o prosseguimento de várias investigações.

Documentos serão encaminhados ao Ministério Público Federal e à FIFA.

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