HUGO STUDART
Manchete de O Globo de hoje: “Conselho alerta que 611 cidades podem ficar sem nenhum médico após saída dos cubanos”.
Quando li, pensei que se o bravo matutino existisse durante o Império, a manchete do dia 14 de maio de 1888 seria: “Conselho alerta que 611 cidades podem ficar sem nenhum trabalhador após libertação dos escravos”.
Ora, ora, há décadas que sucessivos governo deveriam tomar providências pela legião de cidadão abandonados à própria morte, sem médicos, sem dentistas, sem vacina, sem professores, sem Justiça, sem Cidadania.
Os militares criaram o Projeto Rondon, bom início, ainda que rudimentar. Também criaram as Acisos (Ação Cívico-Social), forças tarefas de médicos, dentistas, vacinação, registros de nascimento e casamentos, etc.
Estamos há 35 anos sob a égide da democracia civil e há 30 sob a tal Constituição Cidadã. E o que fizeram? Terminaram com as Acisos e esvaziaram o Rondon. Mas nada colocaram de efetivo no lugar.
E agora vem O Globo me dizer que os paramédicos-escravos cubanos seriam os principais responsáveis pelo cumprimento do nosso Contrato-Social. Vão à merde (em francês).
Os responsáveis somos nós. Dilma criou o Mais Médicos tão-somente para enviar divisas à ditadura Castro, que já não recebe ajuda da Venezuela.
O modelo proposto, paramédicos (não são médicos) em situação análoga ao trabalho ao escravo, é uma devassidão. Temer já deveria ter revisto isso. É um banana, um bundão.
Agora que os cubanos vão embora. E daí? Que Temer tome providências concretas para colocar nossos próprios residentes ou jovens médicos no lugar.
Uma sugestão: Serviço Cívico obrigatório para aqueles que usufruíram de universidades públicas. A começar pelos estudantes de Medicina.
Que retribuam os 7 anos de universidade gratuita com pelo menos 2 anos de residência médica no interior, no lugar dos escravos cubanos.