RENATO RIELLA
Confiança. Esta pode ser a palavra que mais define o início da visita do Papa Francisco. Acredita-se que em nenhum outro país do mundo ele possa desprezar tão profundamente as noções de segurança, sem pagar um preço elevadíssimo por isso.
É claro que o Anjo-da-Guarda do Papa deve estar mesmo para pedir demissão, mas Francisco sabe que, no Brasil, ele tem a chance de mostrar ao mundo que a Igreja quer se aproximar dos cidadãos comuns, sem medo.
Ao mesmo tempo, estamos recebendo um Papa diplomático. Diante de um discurso meio desleal da presidente Dilma Rousseff, que aproveitou o momento para promover os dez anos de trabalho do PT, o Papa argentino ofereceu uma fala moderada, de extrema simpatia, sem abrir o seu estoque de críticas à sociedade moderna, que cria e abandona excluídos.
Teremos mais seis dias de programação, pelo visto com o mesmo nível de risco na circulação do ilustre visitante, que imagina estar seguro no Brasil, mesmo sendo o Rio de Janeiro uma cidade minada pelo crime organizado e por manifestações a cada momento mais violentas.
Seja o que for, realmente, o primeiro dia do Papa deixou para o mundo uma imagem de um Brasil humano, alegre e até seguro. Rezemos para que permaneça assim.