RENATO RIELLA
Todo perna-de-pau sabe que não se mexe em time que está ganhando. Mas na Igreja Católica os caras não aprenderam isso.
Estou revoltado com a transferência repentina do pároco da Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Lago Sul de Brasília, Padre Abdon Guimarães, sem nenhuma justificativa para isso.
Ele ficou 15 anos em Brasília, a maior parte do tempo nesta Paróquia, onde faz fantástico trabalho. De repente: pô! Vai embora.
Sua missa de despedida será no dia 4, às 10h. Logo depois vai trabalhar em Goiânia.
Dizem que a ordem dos redentoristas faz dessas. Tem regras rígidas (mas as regras são feitas pelos homens para serem mudadas!). No caso do Padre Abdon, não adianta nem tentar. Já era! A não ser se o Papa Francisco ler este desabafo fora do tom.
A Igreja Católica tem péssima imagem. Chego a dizer que é pior do que a Petrobras (onde pelo menos ainda não se falou em pedofilia).
Justamente quando aparece um desempenho positivo, os babacas tão criticados pelo próprio Papa fazem cagada.
Padre Abdon é um mulato elegante, com pouco mais de 50 anos, comunicativo e rigoroso, capaz de dar broncas na comunidade, durante a missa, diante de algum comportamento coletivo ruim.
Em compensação, tem grande sentido de participação na vida da cidade. Faz ginástica em academia, visita casas de pobres e ricos, etc.
No recente show de Elton John, na saída, encontrei Padre Abdon cercado de fieis. Alugaram uma van, no estilo de vaquinha, e foram ver o espetáculo. “Maravilhoso! Maravilhoso!”, me disse ele cheio de entusiasmo.
Junto com Márcia Lima, organizo o grande evento Capital Fashion Week há dez anos. Já foram 16 edições. Em quase todas, no primeiro dia, Padre Abdon esteve presente para abençoar o ambiente e o evento.
É muito engraçado vê-lo no bakstage (grande camarim), onde dezenas de rapazes e moças, modelos, quase sem roupa, preparam-se para os desfiles. Com personalidade, Padre Abdon pede licença, faz pequena pregação, reza um Pai Nosso e deseja a todos um bom trabalho.
Não sei se por isso, ou não, mas graças às boas bênçãos nunca tivemos nenhum problema, de qualquer tipo, num evento que já chegou a atrair mais de 40 mil pessoas em quatro ou cinco dias.
Sou agradecido a Padre Abdon e admiro seu trabalho. Vejo sua atenção sincera e profunda com as famílias que perdem parentes. Tento apoiar seu trabalho social desenvolvido na cidade de São Sebastião. E aplaudo a sua partida, já que não posso aplaudir a sua permanência.
Papa Francisco, desse jeito os velhinhos vão afundar a nossa Igreja. Porrada neles!