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jan 21 2016

PRESSÃO DO PLANALTO FUNCIONA E BC NÃO AUMENTA A TAXA DE JUROS

Ficou clara a pressão do Palácio do Planalto sobre o Banco Central, que ontem decidiu não aumentar a taxa básica de juros, mantida em 14,25%.

Pela quarta vez seguida, o BC brasileiro não mexeu nos juros básicos da economia, apesar da pressão inflacionária. Por seis votos a dois, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve, ontem (20), a taxa Selic em 14,25% ao ano.

A decisão surpreendeu os analistas, que esperavam aumento de 0,5 ponto percentual. No entanto, a reunião do presidente do BC, Alexandre Tombini, com a presidente Dilma Rousseff, na segunda-feira desta semana, já sinalizava que havia influência do Planalto no Copom, o que se confirmou.

A manutenção da taxa Selic ocorre na mesma semana em que o Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou a projeção de queda da economia brasileira este ano. A estimativa para a retração do Produto Interno Bruto (PIB) passou de 1% para 3,5%. A expectativa para os países da América Latina é de retração de 0,3% este ano.

Na verdade, parece incoerente elevar taxa de juros num país em condições de recessão, como o Brasil. Assim, áreas diversas da economia vão comemorar essa decisão do BC de manter a Selic nas margens do ano passado.

Os juros básicos estão em 14,25% desde o fim de julho. Com a decisão do Copom, a taxa se mantém no nível de outubro de 2006. A Selic é o principal instrumento defendido pelo BC para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

No último Relatório de Inflação, divulgado em dezembro, o BC estimou que o IPCA encerre 2016 em 6,2%.

O mercado está mais pessimista. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, o IPCA encerrará este ano em 7%. Em 2016, a inflação continuará pressionada pela alta do dólar, que influencia o preço dos produtos e das matérias-primas importadas.

Embora ajude no controle dos preços, o aumento da taxa Selic prejudica a economia, que atravessa o segundo ano seguido de recessão, intensificando a queda na produção e no consumo.

Segundo o boletim Focus, analistas econômicos projetam contração de 2,99% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2016. O Relatório de Inflação do Banco Central prevê retração de 1,9%.

A taxa Selic é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia.

Ao reajustá-la para cima, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação.

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