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maio 23 2015

PROJETO NAZISTA DA CÂMARA QUER PROIBIR PANFLETOS NOS SINAIS

RENATO RIELLA

Os rapazes e moças eleitos para a nossa discutível Câmara Legislativa estão aprovando um projeto maluco, que proíbe a distribuição de panfletos publicitários e informativos nas vias públicas do DF, assim como a colocação na parte externa de veículos.

Meu Deus! Quem pediu isso? Nenhuma cidade do mundo conseguiu fazer essa proibição.

Há alguns anos, tinha grande impaciência com os jovens (quase sempre negros ou mulatos) que me abordavam para entregar panfletos, vender sacos de lixo ou panos de cozinha nos sinais.

Fui um dia a Salvador. Saí de carro com minha irmã Vera, um ser humano bem mais humano do que eu. Em cada esquina, ela abria o vidro do carro, recebia os folhetos, dava uma risada bem baiana, agradecia e desejava bom trabalho para a garotada pobre. “Deus proteja vocês!”

Fiquei surpreendido e contestei. Vera me explicou, com doçura: “Em cada um deles eu vejo o Fábio!”.

Ora, Fábio Riella é o filho da Vera, com cerca de 40 anos, louro, alto, forte, servidor público de bom nível – uma figura totalmente diferente daqueles meninos e meninas dos sinais. Mas Vera conseguia ver o Fábio nos pobres trabalhadores descalços, sem boné, com camisetas rasgadas. Milagre!

Mudei meu conceito. Hoje faço igual a Vera. Em troca, recebo dos panfletadores muito carinho, palavras de fé e até orientação sobre coisas da cidade.

Mas a presidente da Câmara Legislativa, deputada Celina Leão (PDT), não tem remorso de aprovar na Comissão de Assuntos Fundiários este projeto criminoso, que proíbe a presença de trabalhadores jovens nos sinais luminosos e em outros pontos da cidade.

De acordo com o texto, o descumprimento da proibição acarretará multa no valor de R$ 5.000, que poderá ser dobrada em caso de reincidência. Felizmente o projeto ainda terá que passar pela Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) e pelo plenário da Casa, onde o bom senso certamente prevalecerá.

Se nada der certo, vou trazer minha irmã Vera da Bahia, para dar uma lição de humanidade nos rapazes e moças que antes foram pobres e hoje têm orçamentos milionários, nos seus gabinetes da Câmara Legislativa.

Juízo, pessoal, juízo!

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