Se bem orientado, o presidente Bolsonaro deveria afastar o seu governo da chamada Reforma da Previdência. Não se fala mais sobre isso.
O problema agora é do Congresso Nacional, que está tentando chantagear o inexperiente governo.
Toda a sociedade brasileira sabe que existe necessidade mortal de se rever a Previdência, por diversos motivos.
Um deles é o chamado déficit, contestado e controvertido, mas que existe, sendo crescente.
O outro é o grave erro cometido na Constituição de 1988, quando foram criadas, de forma injusta, dois regimes previdenciários, ambos pagos pelo dinheiro público da União.
Os chamados celetistas, mesmo contribuindo 35 anos pelo máximo da cota previdenciária, conseguem aposentadorias que atingem, no máximo, R$ 5 mil.
O pessoal do setor público, militar ou civil, tem se aposentado geralmente com rendimentos muito maiores, em valores que o governo tem até vergonha de divulgar (R$ 50 mil, por exemplo).
Há gente no serviço público com aposentadoria baixa, mas não são esses casos que estamos discutindo.
E há situações a se debater, como a questão das pensões acumuladas, pensões para filhas de militares e muitos outros abusos.
O problema agora está com o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia. Se ele está revoltado com a recente prisão dos seus companheiros, cabe a outros deputados assumirem a responsabilidade pela Reforma da Previdência.
Quando o tema começar a ser discutido na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, saberemos como vai se comportar a nova bancaca, renovada em 47% nas últimas eleições.
Bolsonaro basta gravar uma única frase, a ser repetida insistentemente: “A Reforma da Previdência agora é um assunto de responsabilidade da Câmara Federal”.
Claro que, no avanço dos debates, o governo, através do ministro da Fazenda (Paulo Guedes), será chamado a tirar dúvidas e apresentar sugestões.
Mas o problema é do Congresso, que certamente não quer entrar na história como um Parlamento irresponsável e picareta.
Não adianta chiar. A Reforma da Previdência vai sair.
(RENATO RIELLA)
