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abr 02 2013

saiba porque a pandora às vezes assusta pouco

RENATO RIELLA

Em 1993, o poeta Ronaldo Cunha Lima era o governador da Paraíba. Irritado com denúncias feitas pelo governador anterior, Tarcísio Burity, contra seu filho (Cássio), o “poeta” entrou armado num restaurante de João Pessoa e encheu de bala o inimigo, sem chance de defesa. Burity ficou bom tempo em estado de coma, mas não morreu.

Catorze anos depois, em 2007, Cunha Lima iria finalmente ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Havia sido eleito deputado federal e seu processo “subiu” do Tribunal de Justiça da Paraíba para o STF (o chamado foro privilegiado).

Sabendo que seria condenado, renunciou ao mandato de deputado. Com isso, o processo voltou praticamente à estaca zero, passando a ser reavaliado pelo tribunal paraibano. Cunha Lima nunca foi preso e assim morreu em 2011, ostentando a sua condição de “poeta” (isso tudo é muito antigo e Burity já morreu, também).

Conto essa história meio longa (mas interessante) para mostrar que, se Arruda, Paulo Octávio ou Rôney Nemer for eleito (ou forem eleitos) deputado federal, cada um pode agir como o “poeta” paraibano, renunciando ao cargo nas vésperas do julgamento e remetendo o processo para o Tribunal de Justiça do DF, onde pode se arrastar até a morte de um ou outro.

É assim que funciona a Justiça do Brasil. E por isso os advogados são os “novos ricos” da nossa sociedade.

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