RENATO RIELLA
O Parque Tecnológico Capital Digital (PTCD) está mesmo saindo. O Diário Oficial do DF publicou hoje o edital de licitação desse projeto, a cargo da Terracap, que está buscando na iniciativa privada parceiro para assumir um empreendimento calculado em mais de R$ 6 bilhões nos próximos dez anos.
Centenas de empresas do setor de Tecnologia da Informação (TI) serão instaladas na área de 120 hectares defronte do Lago Norte de Brasília, perto do Balão do Torto. O desafio mais difícil foi superado há quase dois anos: o licenciamento ambiental. De posse disso, o Governo do DF está apto a implantar o PTCD, dependendo somente de conquistar investidor de grande porte.
O diretor da Terracap responsável pelo Parque Digital é o engenheiro José Humberto Matias, professor da UnB, profissional dotado de muito idealismo e firmeza de posições. Indicado pela empresa CDS, trabalhei ao lado dele no segundo semestre de 2012, representando o Sindicato da Indústria da Informação (Sinfor), que fez algumas exigências técnicas incorporadas ao edital hoje divulgado no DODF.
A Terracap será detentora de 47% da Empresa de Propósito Específico (EPE) a ser montada em parceria com a iniciativa privada para instalar e explorar o Parque. Haverá incentivos de toda ordem para a fixação de empresas locais de TI no Parque, mas também virão grandes grupos nacionais e internacionais.
De 500 a 700 empresas devem se instalar no PTCD, onde já existe um grande projeto implantado, prestes a ser inaugurado: trata-se do DataCenter conjunto do Banco do Brasil e da Caixa, investimento de mais de R$ 1 bilhão nos próximos dez anos. O Banco de Brasília (BRB) também está preparando projeto para instalar super data-center no PTCD.
O projeto da Terracap, de certa forma, vai funcionar como se fosse a administração de um shopping (com regras comerciais mais suaves, é claro). Quando a Empresa de Propósito Específica for criada, esta construirá as diversas instalações, que serão disponibilizadas em forma de aluguel para os grupos interessados em se instalar no Parque.
Grandes construtoras, do porte da Odebrecht ou da OAS, poderão formar consórcios junto com grandes financiadores (como Previ ou Funcef), para explorar o PTCD. Esta é a expectativa da Terracap, depois de muitas consultas ao grande mercado brasileiro e internacional.
O Parque Tecnológico pode incrementar a vocação de Brasília, que sempre teve empresas de grande porte atuando no mercado nacional, em parceria com grandes grupos estrangeiros. Em maio, quando a Terracap abrir as propostas das empresas dispostas a construir e administrar o PTCD, poderemos avaliar direito o alcance da proposta. Mas, por enquanto, é um grande sonho que começa a se realizar, depois de 15 anos de debates.