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dez 14 2018

Secretário Rafael Parente está otimista sobre Educação do DF

Iana Caramori (Tudo OK Notícias)

Em menos de um mês, Rafael Parente irá assumir a Secretaria de Educação do Distrito Federal, a convite do governador eleito Ibaneis Rocha (MDB).

O PhD em educação pela Universidade de Nova York (NYU, na sigla em inglês) disse que espera começar bem o ano letivo de 2019. O sentimento é de otimismo: “A gente já tem uma rede qualificada, muitos programas e ações acontecendo nas escolas, mas com pouca visibilidade. Vamos seguir a linha da valorização, motivação”, afirma o futuro secretário.

Os últimos anos foram difíceis para a educação da capital: no ano passado, estudantes da rede pública de ensino passaram 29 dias fora das salas de aula por causa da greve de professores, que reivindicavam reajuste salarial e o pagamento da última parcela do aumento aprovado em 2013. Um relatório do Tribunal de Contas do DF (TCDF) trata de outra preocupação na rede pública de educação: de cada dez escolas na capital, pelo menos nove precisam de reformas médias ou grandes. Mesmo assim, no primeiro trimestre deste ano, o GDF empenhou para reparos nas escolas apenas 6% do orçamento prevista para a educação, de acordo com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Em 2015, uma auditoria do TCDF apontava problemas graves no transporte escolar oferecido aos alunos da capital. Os auditores do tribunal visitaram as escolas: 32,7% dos diretores entrevistados disseram que os alunos têm atrasos constantes por causa do transporte. Em 36,8% dos casos analisados, o atraso causou perda no conteúdo e na carga horária. O orçamento que estará disponível para o ano que vem é um ponto importante para que esses e outros problemas sejam trabalhados.

Questionado sobre o orçamento, Parente afirma a preocupação do governo como um todo, não somente da pasta que irá chefiar. A gestão de Rollemberg já afirmou que não conseguirá fechar o mandato com as contas em dias. As previsões do GDF apontam déficit de R$ 600 milhões. “É uma preocupação, com certeza. Mas eu sei que o Ibaneis Rocha e os secretários estão em meio de articulações para conseguir aumentar as verbas. Eu também estou fazendo o que eu posso”, disse o futuro secretário.

Parente fala ainda sobre uma análise mais profunda em relação aos dados apresentados sobre a educação, como os relacionados à infraestrutura das unidades de ensino da capital. “Às vezes existem escolas em piores condições que não foram condenadas.” Para ele, faltam dados que tratem de políticas públicas que funcionam ou não na educação pública do DF. “Não se tem metodologias, estruturas de avaliação de aprendizado [para essas políticas].”

Tecnologia, uma aliada da educação

O futuro secretário de Educação do DF é um grande defensor do uso de tecnologias digitais no ensino. “A gente tem modelos e metodologias hoje que estão completamente ultrapassadas. O professor falando lá na frente, uma aula centrada no professor são métodos que não funcionam mais”, afirma. Nada melhor que a tecnologia para a reformulação do jeito de ensinar as crianças, quem Parente chama de “nativos digitais”.

Há anos Parente trabalha aliando tecnologia e aprendizado. Implantado em 2015, uma de suas criações, o Conecturma oferece a professores e alunos uma maneira diferente de apresentar o conteúdo na sala de aula a partir das novas tecnologias e suas ferramentas. O programa de Parente abrange da educação infantil ao 5º ano do ensino fundamental, estando em escolas públicas de 81 municípios em sete estados.

O projeto é composto por várias mídias que, apesar de independentes, foram desenvolvidas para oferecer “uma experiência mais completa, imersiva e engajadora” por meio de atividades lúdicas envolvendo conteúdos de matemática e português, tanto por meios digitais quanto por livros didáticos. Respeito à diversidade, autoconhecimento, inclusão são alguns dos outros tópicos que estimulam o desenvolvimento socioemocional dos estudantes.

Por possíveis conflitos de interesses, que ainda estão sendo avaliados pelo novo governo, o Conecturma provavelmente não chegará ao Distrito Federal durante a gestão de Ibaneis Rocha. O que não significa que a tecnologia não fará parte dos planos do governo para a educação no Distrito Federal.

Parente afirma, que ainda em 2019, a pasta terá projetos nesta área. “A gente quer ter mais computadores e projetores na sala de aula, quer criar com os professores e alunos uma plataforma digital, em que os conteúdos e games serão criados pelos alunos e professores.” A ideia é trabalhar ainda em conjunto com startups para a criação de aplicativos e conteúdos que contribuam com a educação na capital. Cursos técnicos voltado para o empreendedorismo também estão na pauta: “Brasília não precisa ser a cidade do serviço público”.

Novo currículo

Aprovada na última terça (4), a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera de todos os alunos que passam pela educação básica. Com a BNCC, matemática e português terão carga horária obrigatória nos três anos do ensino médio, enquanto os demais conhecimentos poderão ser distribuídos ao longo destes três anos — permitindo que o aluno escolha parte das disciplinas que serão estudadas no ensino médio.

As aprendizagens essenciais definidas na nova base curricular estão organizadas por áreas do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Antes da aprovação da Base Nacional Comum Curricular o Brasil não tinha um currículo obrigatório; a lei previa apenas que as disciplinas de português, matemática, artes, educação física, filosofia e sociologia eram obrigatórias nas escolas.

O documento cita algumas possibilidades de “situações pedagógicas mais colaborativas, que se organizem com base nos interesses dos estudantes e favoreçam seu protagonismo”: laboratórios, oficinas, clubes, núcleos de criação artística e de estudos são algumas das sugestões.

Parente vê com bons olhos as mudanças propostas pela nova base curricular. Para ele, a o texto privilegia conteúdos essenciais para o aprendizado dos estudantes. O futuro secretário acredita que dificuldades na interpretação de texto e no desenvolvimento de um raciocínio matemático acabam atrapalhando o aprendizado em outras disciplinas.

Matemática e português são de fato preocupações dos educadores. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), sete a cada dez alunos do 3º ano do ensino médio têm nível insuficiente nas duas disciplinas. Por meio do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017, as etapas da educação básica foram classificadas em níveis de proficiência: os de 0 a 3 são considerados insuficientes; entre 4 e 6 se encontram os estudantes com nível de conhecimento básico; e de 7 até 9, adequado.

Tanto o 9º ano do ensino fundamental quanto o 3º ano do ensino médio apresentaram desempenhos classificados como insuficientes. No primeiro, foi registrado o nível 3 de proficiência e, no segundo, o nível 2. O 5º ano do ensino fundamental apresentou um resultado melhor, no nível 4, mas mesmo assim está fora do considerado adequado pelo Ministério da Educação.

O futuro secretário do DF acredita que com a implementação da nova base curricular, que deve acontecer até 2020 nas escolas públicas e particulares de todo o Brasil, seja possível conquistar uma equidade educacional no país. (DP)

 

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