RENATO RIELLA
Não é só a presidente Dilma Rousseff que deve estar sem dormir direito.
O governador Rodrigo Rollemberg nunca imaginou que, no terceiro mês de governo, iria ver a sua cidade (a nossa cidade) pegar fogo.
Neste domingo (15), a estrela do novo governador será testada da forma mais intensa.
Nas mãos dele estará o comando da segurança de centenas de milhares de pessoas que pretendem protestar contra este triste Brasil de hoje.
Isso mesmo: há quem preveja mais de 200 mil pessoas nas ruas de Brasília no domingo. Se a Polícia de Rollemberg apertar muito, ele entrará na história como um anti-democrático, cerceador do direito de manifestação expresso na Constituição.
Se a Polícia relaxar e a manifestação acabar em caos ou em tragédia, o governador pagará o preço também, sendo acusado de incompetente na administração das grandes crises.
O mais provável é que nada de problemático aconteça. Vemos a perspectiva de um protesto pacífico, feito por famílias, até com crianças, em defesa de um Brasil decente. Mas não dá para subestimar nada.
EM 1992, RORIZ DEMONSTROU COMPETÊNCIA
A propósito, já relatei aqui o que aconteceu em 1992. O famigerado presidente Collor, desmoralizado, pediu ao povo de Brasília que fosse para a Esplanada vestido de verde-e-amarelo, em apoio ao seu mandato.
O tiro saiu pela culatra. Milhares de pessoas programaram uma passeata de preto em Brasília.
Roriz era o governador. Ele reuniu o secretariado antes da manifestação. Eu estava lá e dou testemunho.
Depois de ouvir todo mundo, o governador determinou ao secretário de Segurança Pública, o digno e respeitado coronel João Brochado, que garantisse a mais plena liberdade de expressão a todos os brasilienses (Brochado está vivo e pode confirmar isso).
Roriz pediu que a Polícia fosse para a Esplanada para proteger o povo. Porém, determinou que se estabelecesse uma segurança rígida para o Palácio do Planalto, que não podia ser invadido “em hipótese alguma”.
É interessante lembrar que, naquele tempo, o povo não tinha interesse de invadir nem quebrar o Congresso Nacional, que hoje vive desmoralizado, correndo riscos diante de qualquer protesto.
E assim o povo de Brasília foi para a Esplanada. Conseguiu dar o tom na queda do Collor, que acabou cassado pela voz das ruas de Brasília.
Roriz deu muita sorte, mas realmente administrou bem a crise, com grande consciência cívica. Seu governo tinha, em 1992, absurda aceitação pública, o que lhe dava muita autoridade
Como Rollemberg se portará, estando à frente de um governo submetido a uma crise sem precedentes em todas as áreas?
Vamos rezar por ele e por todos os brasilienses. Estaremos lutando por um Brasil melhor, sem medo de ser feliz.