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maio 16 2014

SERÁ QUE VAI HAVER MESMO COPA?

RENATO RIELLA

Passei alguns segundos num elevador em Brasília, com sete pessoas. De repente, todo mundo estava falando mal da Copa, até que as portas foram se abrindo e as pessoas saindo aos poucos.

“Tudo uma roubalheira”

“Vão levar nosso dinheiro no mole”

“Não dá para acreditar em ninguém no Brasil”

“Quero que todos se ferrem”.

No fala-fala, dentro do elevador, ninguém demonstrou ódio, nem gritou. Quase todos faziam comentários horríveis sorrindo, meio na molequeira, mas num uníssono de insatisfação.

Isso ocorreu em Brasília. Havia uma mulher branca e mais velha; um rapaz bem negro e mais novo; um homem de meia idade, com paletó e gravata; e eu, na média desse público.

Depois disso, afirmo que, hoje, não dá para prever o que vai acontecer nos meses de junho e julho.

Ninguém leve em conta os protestos realizados ontem e nos dias anteriores. Não valem como parâmetro. São manifestações oportunistas, nas quais policiais, gente que se diz sem-terra, professores e Black Blocs saem às ruas sem se preocupar com o país – nem com a Copa.

É o famoso “queromeu”. Muitos e muitos brasileiros tentam aproveitar-se do momento para obter vantagens para suas categorias, o que pode ser visto como uma atitude desonesta.

A discussão verdadeira, sobre os estádios caros demais, as exigências da Fifa, a falta de honestidade nas obras e outros fatores culminantes da realidade brasileira ainda não está ocorrendo.

Em junho do ano passado, temas transcendentais vieram às ruas, mas agora é um varejo sem credibilidade.

O certo é que o brasileiro está desiludido, descrente dos políticos e dos partidos, vendo a Copa como uma intrusão na nossa vida difícil.

E tudo pode acontecer. Ou nada.

Será que vai mesmo haver Copa? Esta é a pergunta que se instala na nossa cabeça neste momento, por incrível que pareça.

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