RENATO RIELLA
Se os empregados da Petrobras começarem a abrir a boca, não ficará pedra sobre pedra, não sobrará ninguém.
Mas esse processo já começou. O jornal Valor Econômico apresentou hoje a gerente afastada da empresa, Venina Velosa da Fonseca, que diz ter enviado e-mails à atual presidente Graça Foster e a outros superiores, incluindo o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa.
Para Graça, Venina comunicou até as ameaças que sofrera após apresentar as denúncias.
De acordo com a reportagem, os desvios envolvem o pagamento de R$ 58 milhões para serviços que não foram realizados na área de comunicação, em 2008; superfaturamento de US$ 4 bilhões para mais de US$ 18 bilhões nos custos da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco; e contratações atuais de fornecedores de óleo combustível das unidades da Petrobras no exterior que subiram em até 15% os custos.
Além de Graça Foster, os desvios de dinheiro detectados pela ex-gerente foram comunidados a José Carlos Cosenza, substituto do delator Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento.
Cosenza é atualmente o responsável pela Comissão Interna de Apuração de desvios na estatal. Para Graça foram enviados e-mails e documentos informando as irregularidades ocorridas tanto antes de ela assumir a presidência, em 2012, quanto depois.
Em 2014, afirma o jornal, foram remetidas a Graça denúncias envolvendo os escritórios da estatal no exterior. Nenhuma providência foi tomada com relação a esse último caso, ocorrido sob a sua presidência.
No Facebook, o professor da UnB Carlos Alberto Torres faz um alerta interessante e alarmante. Diz ele:
-“A alta cúpula da Petrobras se cala para evitar a cadeia. Mas algo muito me intriga: onde estão as vozes dos mais de 80.000 empregados, concursados, técnicos de alta competência que são responsáveis pelos feitos da empresa?
Isto é intrigante para mim, pois não creio que o medo de demissão possa estar se sobrepondo à necessária defesa e sobrevivência da própria instituição. Ou estamos diante de mais uma grave patologia social, que não fora ainda revelada antes da operação Lava-Jato?
O que me intriga, e espanta, é que o corajoso alerta feito pela ex-funcionária da empresa, Venina Velosa da Fonseca, seja um caso à parte!
Precisaria, no meu entender, haver um movimento interno forte, que resgate a empresa para o Brasil, e a liberte das “tenebrosas transações” que a aprisionam aos interesses politico-partidários-empresariais que a estão destruindo.
Se esses empregados permanecerem calados, a lógica destrutiva continuará se impondo!”