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ago 18 2014

SORRIR E TIRAR FOTOS EM ENTERRO, QUE GRANDES CRIMES!

RENATO RIELLA

A gente tende a julgar os semelhantes de forma preconceituosa – e isso está ocorrendo de forma massacrante em relação ao enterro de Eduardo Campos.

Criticam Marina Silva por aparecer numa foto ou noutra com possível sorriso. E Renata, a viúva, posou para selfie. Por isso é posta sob suspeição.

Depois de superar minhas próprias crises de preconceito, refleti melhor.

No velório do meu pai, Agenor, que durou quatro ou cinco horas, em Salvador, estive demolido intimamente, mas algumas vezes sorri, até de felicidade.
Lembro que, a dois metros do caixão, reencontrei depois de 50 anos Dona Lucy, mulher que teve presença forte na minha infância. Lamentei não vê-la há décadas. Ela, rindo, comentou:

-Mas eu fiquei muito feliz de vê-lo há pouco, numa foto na revista Caras.

Pergunto a vocês: como não rir? Abracei Dona Lucy com muito carinho, compreendendo seu sentimento, vendo-a orgulhosa por achar que o antigo menino venceu na vida.

No enterro da minha mãe, Cecília, bem recente, ri bastante ao ser abordado pelas velhinhas que moraram com ela durante alguns anos, num ótimo abrigo para idosos, em Salvador.

Elas me identificavam, diziam que minha mãe falava muito de mim. Em pleno funeral, contavam alegremente ótimas histórias de Cecília, que era líder no tal abrigo. Como não sorrir?

Em ambos os casos, sinto pena por não ter feito fotos, muitas fotos, em forma de selfie, mesmo.

E ninguém venha dizer que não sofri com as perdas de Agenor e Cecília. Isso não! Podem até me criticar por sair na Caras, mas nunca por não ter sentimento.

Assim, absolvo Marina e Renata de todas as acusações. Deus proteja as duas, mulheres que têm fé, coisa rara nos políticos brasileiros.

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