RENATO RIELLA
Luiz Suarez, o fantástico atacante do Uruguai, está suspenso por nove jogos pela Fifa e, consequentemente, fora da Copa.
Numa competição transmitida para bilhões de pessoas em todo o mundo, ele cometeu a infração mais grave: um crime estético.
Nos estádios, vemos cotoveladas, chutes desleais, soladas agressivas e até tapas – mas tudo isso é do futebol. Ações duras podem gerar expulsões e até suspensões, mas são típicas do jogo.
No entanto, nenhuma falta com bola tem o componente negativo contido numa mordida.
Morder um adversário suado, além de ser nojento, é antiético, antiestético.
Ao morder um adversário no ombro, um jogador está praticando um ato pensado, premeditado. Não tem o improviso, às vezes inocente, de um pontapé por trás ou de um “carrinho assassino”, que são punidos com penas mais leves.
A Copa do Mundo leva para todo o mundo, mais do que a cultura do futebol, a cultura do fairplay, da disputa dura, mas com regras.
Por isso, é destacado o amor às pátrias, o repúdio ao racismo, o respeito às diferenças religiosas e o congraçamento de torcidas tão diferenciadas.
Luiz Suárez deve levar em conta que milhões de crianças em todo o mundo, depois de vê-lo na TV, podem estar tentando morder professores, colegas em sala de aula, irmãos maiores ou menores e, também, adversários em campos de futebol.
Todos aqueles que, por acaso, tenham aplaudido a “fome” do Suárez sabem agora que esse crime estético, horrível, tem um preço: o banimento do mordedor. Xô, matador!