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jun 19 2014

Tem leão, tem latrina, tem flechada, tem Copa? É Braziiiiil!

WILON WANDER LOPES

Fatos que podem parecer absurdos para estrangeiros, nas últimas semanas, têm ganhado manchetes e circulam pelos salões de beleza, corredores das repartições púbicas, almoços das socialites, academias e bares da cidade nestes tempos de Copa.

A repercussão de tais fatos surpreende também os brasileiros, talvez pela abordagem, quiçá pelo ineditismo: o roubo do leão, a latrina jogada na cabeça do torcedor, a flechada do índio manifestante contra o PM montado a cavalo.

Também tem o caso da carona solidária dos estudantes, que lhes rendeu uma multa de mais de cinco mil reais.

Para os menos informados, vamos esclarecer os fatos citados. Em Monte Azul Paulista, cidade a 400 km de São Paulo, furtaram um leão de 300 kg, que come 5k de carne por dia e que consome R$5.000,00 por mês em sua manutenção.

Os ladrões arrombaram o portão da área onde ficava o leão, deixando marcas dos pneus do carro usado para a infração, tal era o peso da carga…

Em jogo entre o Santa Cruz e o Paraná, pela série B do campeonato Brasileiro de Futebol, um torcedor jogou, da arquibancada, uma latrina na cabeça de outro torcedor, que veio a falecer. Nos comentários dos entendidos, a depredação dos banheiros dos estádios é coisa normal: as privadas são usadas como armas. O que gerou manchete é que, desta vez, o atingido morreu…

Uma cena típica de faroeste em Brasília: um grupo de índios, que vinha de manifestação pela demarcação de terras, se uniu, na rodoviária, a outro grupo de manifestantes contra a realização da Copa, e entrou em choque com a PM, ao lado do Estádio Nacional Mané Garrincha, onde a Coca-Cola exibia a taça oficial da Copa. Um soldado, a cavalo, foi atingido por uma flecha…

Finalmente, um grupo de estudantes, que viajou a Goiânia em um carro, dividiu as despesas de gasolina. Na viagem, foram parados por uma patrulha que lhes aplicou uma multa de mais de cinco mil reais porque, no entender dos policiais, estariam praticando a proibida lotação…

Haja Champollion para decifrar este Brasil brasileiro que estamos vivendo. E que bom que os índios e manifestantes de todas as outras cores, povo unido jamais será vencido, foram em direção ao Estádio Nacional.

Do outro lado está a abusada Esplanada dos Ministérios, a pausa de Lucio Costa, onde o GDF pretende construir um estacionamento e um complexo de serviços, um verdadeiro shopping subterrâneo. É que a rodoviária de Brasília, onde milhares de pessoas sofrem todos os dias o drama do transporte público, fica muito perto da Praça dos Três Poderes.

Para finalizar, transferiram a tal Fan Fest da Fifa, antes programada para a Esplanada dos Ministérios, para o Taguaparque, em Taguatinga. É que os governantes ficaram temerosos – e com razão: uma festa dessas, com público de torcedores de futebol, organizada pela Rede Globo, para a Fifa, as duas instituições mais criticadas nas manifestações, é mesmo um perigo…

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