RENATO RIELLA
Houve grande destaque nos últimos dias quando se soube que o PTB resolveu apoiar o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves. Mas o destaque não se deve a votos, nem a propostas partidárias. Se deve ao tempo de TV que o PTB tem na propaganda eleitoral gratuita, o qual será oferecido ao candidato tucano.
Da mesma forma, a presidente Dilma Rousseff engole todos os sapos para manter o tempo de TV do PMDB. E, mais ainda, a candidata petista à Presidência da República vende a alma ao diabo para ter o tempo de TV de dois partidos muito sujos, o PR e o PP.
Ela acaba de demitir um ministro dos Transportes que confiava, para obter o tempo de TV do PR na sua campanha. E não escondeu isso de ninguém.
Quase ninguém sabe, mas o tempo de TV é repartido entre os partidos de forma proporcional ao número de deputados federais que cada agremiação tem.
Na verdade, a coisa mais importante para cada partido é aumentar a bancada na Câmara Federal. Graças a isso, não só aumenta o seu tempo de TV, mas também ganha cotas maiores do Fundo Partidário. E ainda consegue conquistar maior número de cargos na Mesa Diretora da própria Câmara.
O que se vê é a total desistência de bandeiras partidárias, ideológicas ou programáticas nas composições entre partidos ou nas chamadas coligações.
Até mesmo as questões financeiras ficam escondidas nas negociações pré-eleitorais, pois neste momento candidatos a presidente e a governador só pensam em tempo de TV.
A coligação PT-PMDB, presente no plano federal e no DF, é mais do que forte, pois garante praticamente metade do tempo de TV para os candidatos que apoia.
O Brasil deixou de discutir temas no ambiente político tradicional. Os problemas do país estão sendo debatidos nas ruas, às vezes de forma violenta.
Para os políticos, só interessa o poder, E o tempo de TV é o veículo que leva esses homens (e poucas mulheres) ao comando-descomando do país.