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abr 27 2013

TODO MUNDO DE PRETO NO PARQUE DA CIDADE

RENATO RIELLA

Fui caminhar à tarde no Parque da Cidade de Brasília. Quando cheguei lá, fiquei assustado com a invasão de milhares de adolescentes pintados de preto, descalços, andando aos bandos pra lá e pra cá.

Aos poucos fui me acostumando e acabei misturando a caminhada com o hábito de repórter. Fiquei sabendo que, ao longo da semana, houve convocação pelo Facebook para uma espécie de “Guerra das Tintas” ou “Guerra das Cores”, que acabou virando o maior sucesso.

Falei com pais, com rapazes e moças, perguntando o que era aquilo. Fiquei surpreendido ao saber que se tratava apenas de um encontro marcado pela internet, na qual cada um levava a sua tinta. Não vi palanque, nem faixas, nem música, nem lideranças. Tudo espontâneo.

Me surpreendi com a tranqüilidade do movimento. Por baixo da tinta (geralmente preta), havia olhinhos alegres, correndo e falando, se abraçando, encontrando amigos disfarçados pela pintura.

 

POLÍCIA, PARA QUEM

PRECISA DE POLÍCIA

Em relação ao Parque da Cidade, costumo destacar aqui neste BLOG a ausência do Governo do DF e da imprensa. As diversas áreas governamentais não querem saber de nada. E os jornais e as TVs ignoram os acontecimentos do local, mesmo sabendo que toda a cidade está por lá no fim de semana.

Quanto à Guerra das Tintas, na verdade, não ocorreu. Pelo menos no clima de guerra. A garotada de 12 a 17 anos estava ali numa boa, cada um com sua latinha de tinta para pintar a si mesmo e aos outros.

Por incrível que pareça, em meio a mais de cinco mil pessoas jovens empretecidas, não vi qualquer sinal de polícia. Mais do que nunca, valeu a frase de Os Titãs, na sensacional música: “Polícia, para quê polícia?”.

Mesmo as situações mais agitadas pareciam tranqüilas. Acompanhei durante uns 200 metros três garotos de 16 anos, meio gordinhos, com latinhas de tinta azul nas mãos (destoando, pois os demais estavam de preto).

Eles iam de encontro aos passantes com as mãos meladas de tinta e, nos distraídos, passavam a cor azul para o cabelo, os ombros ou o rosto. Uma menina bem bonitinha, pintada de preto, parou para ser melada de azul por eles. Um dos três, bem malandro, foi passando tinta nela aos poucos até que chegou nos peitinhos. A menina se assustou, deu dois gritinhos e saiu correndo, rindo.

Nada mais do que isso. Tudo muito inocente. Ficarei assustado se ler em jornal, amanhã, registros diferentes. Mas, de qualquer modo, será surpresa se houver qualquer tipo de registro, pois o Parque da Cidade não existe para a mídia.

Quem não deve ter gostado foi as mães, pois tirar tinta dos pés ao cabelo será bem difícil.

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