JOSÉ RICARDO MARQUES
Em 2006 tive o privilégio de ser o Secretário de Cultura da Capital da República. Assim, convivi com a genialidade de Oscar Niemeyer. Um dos principais projetos que assumi foi a inauguração do Complexo Cultural da República, obra monumento, a mais nova e última a ser concretizada pelo arquiteto Oscar Niemeyer em Brasília.
Naquele período, coincidentemente, Niemeyer completaria 100 anos, um marco. Era a coroação de um século de grandes projetos, de sussurros espantados sobre obras inimagináveis, vindas da imaginação de um homem “simples” que tinha no trabalho seu prazer.
O homem que era “velho demais para mudar” fez com que eu me sentisse pequeno demais diante da sobriedade e gentileza demonstradas nas reuniões que tivemos. Surpreendi-me com a leveza dos gestos e a voz entusiasmada diante de mais uma das suas 660 obras espalhadas por 15 países.
Fiquei radiante de constatar que, no meu período como secretário, conseguiria mesmo inaugurar o Museu da República e a Biblioteca Nacional.
Um dos momentos únicos que tive com Niemeyer foi durante reunião que patrocinei entre Joãosinho Trinta, outro gênio, e o arquiteto maior.
Trabalhei com Niemeyer, também, na exposição “Niemeyer por Niemeyer”, juntamente com seu neto, Kadu, e Marcos Lontra. Todos desconfiados de que não conseguiríamos inaugurar o Complexo Cultural e menos ainda a exposição que abriria as comemorações do seu centenário. Mas conseguimos. Dito tudo isso, faço sempre o apelo: visitem o Museu da República e suspirem o triunfo de uma utopia!