RENATO RIELLA
Um amigo de confiança me contou uma história real e recente, que mostra a questão da segurança no Plano Piloto de Brasília.
A filha dele, de 16 anos, saiu da escola a pé em direção à W3 Sul. Confiante, cortou caminho pela quadra residencial, 709 Sul. De repente, foi sufocada por trás por um homem muito alto e muito forte. E levada para um beco deserto entre casas.
Milagrosamente, ela se manteve alerta e fez um gesto surpreendente: tirou do bolso o celular de última geração e mostrou ao bandido, levantando a mão. Foi o bastante para que o assaltante soltasse a moça, enfiando o aparelho no bolso sujo.
Mas o cara enorme, com pinta de viciado em crack, não se conformou e obrigou a menina a andar agarrada com ele pela quadra. Poucos passos adiante, o drogado interpelou um jovem que estava falando ao celular e este respondeu de forma agressiva. Seria massacrado pelo mastodonte.
A garota assaltada, inspirada por algum anjo-da-guarda, arrastou o grandão pelo braço e disse ao rapaz assustado: “Deixe o meu namorado em paz!” O menino não entendeu nada.
Saindo daquele local, o assaltante drogado ficou confuso, desnorteado. Acabou gritando assim: “Vá embora, garota, vá embora!” Mas ficou com o celular, que deve ter sido trocado por pequenas porções de droga.
A história termina dessa maneira. É muito louca e não serve de modelo para ninguém. Convenhamos, numa cidade onde os viciados em crack estão virando maioria visível, tudo é possível.