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abr 13 2017

UMA VIAGEM INCRÍVEL A PARIS! NA TORRE EIFFEL, FIZ UMA SELFIE “DESENHADA”

scan0342Minha primeira viagem a Paris foi a mais fantástica que qualquer ser humano poderia fazer. Emoção total! Nada de shopping, nem tempo para Louvre, que só conheci anos depois…

Em 1986, a Aérospatiale, empresa que na época fabricava helicópteros e lançava o satélite Ariadne, convidou sete jornalistas de grandes jornais brasileiros para dez dias na França. Podíamos consumir o que quiséssemos – até champanhe de mil dólares.

Participei como editor do Correio Braziliense, que estava no auge e havia ganho o Prêmio Esso Nacional de Jornalismo, verdadeiro Oscar.

Dos companheiros de viagem, só lembro bem de dois: Ricardo Noblat, pelo Jornal do Brasil, e Antônio Martins, pelo Globo.

Fomos de primeira classe. Ficamos no luxuoso Hotel Meridien de Paris, com mil mordomias. Até lugar especial no Moulin Rouge tivemos, assistindo show de vedetes e jantando. Também visitamos a central de fabricação de satélites artificiais. Tudo emocionante!

VOOS FANTÁSTICOS DE HELICÓPTERO

Nos dez dias, realizamos cerca de 20 voos incríveis de helicóptero. Num deles, pousamos numa ilha de pedra no Mediterrâneo. Noutro, dirigindo uma aeronave de exibição, o piloto subiu muito e de repente desceu. Quase fez a gente desmaiar em manobras arriscadas.

Noblat viajou na cabine, em alguns momentos. Até “ajudou” em manobras mais simples, como copiloto. Tivemos aulas técnicas sobre este tipo de transporte aéreo e ficamos craques no assunto.

Houve de tudo. Um dia, percorremos o rio Sena pelo alto, atravessando Paris de ponta a ponta, com direito a voltinhas sobrevoando monumentos. Noutro dia, passeamos numa aeronave de guerra, daquelas que carregam até trator, à nossa disposição como brinquedo de turista-jornalista.

E aconteceram fatos engraçados. Uma noite, bem vestidos, Martins e eu sentamos no luxuoso conjunto de sofás do Meridien, esperando o grupo para sair. Nosso pessoal marcou para conhecer os “inferninhos” noturnos parisienses (espetáculos eróticos da década de 80!).

No foyer, duas elegantes mulheres de 30/40 anos, ouvindo nosso linguajar, puxaram assunto em espanhol. Lindonas, maior classe! Conversa vai, conversa vem, fizeram a proposta. Se a gente pagasse, elas seriam doce companhia para passar a noite.

Epa, prostituição de alto nível no Meridien? Muito obrigado, preferimos sair para ver sacanagem de ficção…

Fomos noutro momento a uma exposição no centro cultural George Pompidou. Que merda! Mais de uma hora na fila! De repente, passaram três garotas barulhentas com pinta de fura-fila. Noblat não resistiu:

-Essas mal-educadas parecem brasileiras!

Uma delas se voltou, raivosa, e falou com um “sutaque nurdestino da peste”:

-Somos brasileiras mesmo! E daí?

VISITA DIFÍCIL À TORRE EIFFEL

Antônio Martins e Noblat me acompanharam à Torre Eiffel. Lá, numa portinhola de madeira, uma velha francesa típica vendia os ingressos. Parecia Graça Foster, aquela engraçadinha que foi presidenta da Petrobras.

Martins tirou do bolso imensa quantidade de moedinhas para pagar as três entradas. A mulher ficou literalmente puta-da-vida. Nos xingou em francês e bateu a portinhola, recusando-se a contar o dinheiro. Fechou o guichê!

Entrei em pânico. Minha primeira vez em Paris… Preciso subir na Torre Eiffel!

Fui baianamente pelo lado do caixa e entreguei à mal-humorada, que estava de braços cruzados, uma cédula redonda, sem troco. Assunto resolvido, ingressos recebidos.

Resolvemos depois visitar a praça de Montmartre, onde artistas populares pintam retratos dos turistas. Sempre tive fama de não gastar em viagem. Sou zero em consumismo. Meus companheiros, muito moleques, me obrigaram a dar francos a um jovem francês, que fez um péssimo retrato meu (fiquei bonito demais!).

Disse para os jornalistas gaiatos: “Desenho melhor do que este cara”. Claro que não acreditaram. De noite, no hotel, usando papel timbrado do Meridien, produzi meu retrato em frente à Torre Eifel, com caneta Bic. Melhor do que qualquer selfie atual!

No café da manhã, mostrei o desenho para alguns companheiros. Que sacanas! Propuseram me levar a Montmartre para ganhar uma graninha retratando os turistas “em frente à Torre Eiffel”… Ok! Tudo bem! Mas fica pra outra vez!

Foi assim minha estréia em Paris! Dez dias de muita felicidade, com jornalistas irreverentes e inesquecíveis, que quase nunca reencontro em Brasília. (RENATO RIELLA)

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