RENATO RIELLA
Fica claro que o principal nome do Mensalão do PT, Marcos Valério, quer proteção física na prisão, quando se apresenta para o regime de delação premiada. Na última vez que esteve preso, ele sofreu violência sexual e, reagindo, teve dois dentes quebrados. Nos últimos meses, chegou a afirmar que não gostaria de ficar vivo se fosse preso de novo. Daí haver procurado a Procuradoria Geral da República para apresentar novas denúncias, na esperança de que possa assegurar regime especial quando for recolhido a alguma penitenciária.
Pelo sim, pelo não, as novas afirmações de Marcos Valério abalaram a República, por envolver o ex-presidente Lula diretamente no escândalo, que por isso está em fase finalíssima de julgamento no Supremo Tribunal Federal.
No depoimento voluntário que fez à PGR no dia 24 de setembro, Valério reafirmou que a empresa Portugal Telecom (PT) financiou o Partido dos Trabalhadores, no mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com o jornal Estado de S.Paulo, Marcos Valério disse à PGR que Lula negociou com o então presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa, o repasse de recursos para o seu partido.
“Segundo Valério, Lula e o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, reuniram-se com Miguel Horta no Palácio do Planalto e combinaram que uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau, na China, transferiria R$ 7 milhões para o PT”, noticia o Estadão.
De acordo com a mesma fonte, Marcos Valério disse à PGR que o dinheiro entrou pelas contas de publicitários que prestaram serviços para campanhas petistas.
As negociações com a Portugal Telecom estariam por trás da viagem feita em 2005 a Portugal por Valério, seu ex-advogado Rogério Tolentino, e o ex-secretário do PTB Emerson Palmieri.
Em 2005, quando veio a público o escândalo do mensalão, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, disse que José Dirceu, ex-ministro chefe da Casa Civil de Lula, havia incumbido Valério de ir a Portugal para negociar a doação de recursos da Portugal Telecom para o PT e o PTB.