SERGIO GARSCHAGEN
Trinta anos na história de um país é nada. Em 30 anos, o número de idosos no Brasil será igual ao de jovens. A taxa de natalidade diminui ano a ano e as pessoas estão vivendo mais.
Em suma, a partir de 2050 deixaremos no passado a constatação de que somos uma nação de jovens.
Mas, como o Brasil é ruim em planejamento, os planos de saúde, tradicionais financiadores de campanhas politicas, tratam de mudar no Congresso – talvez o pior da história – as regras para os idosos, com reajustes reais que impossibilitarão a permanência de maiores de 59 anos de idade nos seus planos.
A proposta de nova lei de planos de saúde tramita na Câmara dos Deputados desde o dia 18 de outubro “e é um desserviço aos usuários, não cobre necessidades de saúde, e rasga o Estatuto do Idoso e só beneficiará o mercado”.
A afirmação vem dos professores de saúde coletiva Ligia Bahia (UFRJ) e Mario Scheffer (USP), que pesquisam políticas de saúde, planos e seguros privados.
“A urgência de uma lei tem as digitais das operadoras, assíduas financiadoras de campanhas eleitorais”, afirma Mário Scheffer, 51.
Sobre o reajuste de planos dos idosos, defendido pelas empresas, Ligia, 62, afirma que é um equívoco confundir velhice com doença. “O envelhecimento por si só não é o responsável pela elevação de custos na saúde.”