ALINE LEAL (Agência Brasil)
Sem estudos em toda a literatura médica que relacionem a infecção de gestantes pelo vírus Zika com o nascimento de crianças com microcefalia, a neuropediatra Vanessa Van der Linden defende que os novos casos dessa deformidade no cérebro revelam uma nova doença, já que fogem do padrão conhecido.
“Se é provocada pelo Zika ou por outro vírus, ou outro agente, não sabemos. O que posso dizer é que os casos não seguem o padrão que a gente vê nas outras pacientes que têm infecção congênita e filhos com microcefalia”, explicou Vanessa, do Hospital Barão de Lucena, presidente da Associação de Assistência à Criança Deficiente do Recife.
Ela foi a primeira médica a buscar a Secretaria de Saúde de Pernambuco para alertar sobre o aumento do número de casos de crianças com o crânio menor que o normal.
“Um dia, cheguei à UTI e tinha três casos de crianças com a cabecinha assim. Isso me deixou intrigada. Normalmente a gente via uma a cada mês ou a cada dois meses”, relatou.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de casos de microcefalia saltou de 147, em 2014, para 739 este ano, a maioria em Pedrnambuco (487).
A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. A neuropediatra esclarece que essa condição pode ter diversas causas, como agentes químicos e infecções por toxoplasmose ou pelo citomegalovírus.
Cada causador provoca um quadro típico, como alteração na visão, na audição ou em outros órgãos. Segundo a médica, em muitos desses novos casos os recém-nascidos têm comprometimento do coração, “mas a amostra ainda é muito pequena para dizer que está relacionado à nova doença”.