A Anistia Internacional divulgou o relatório “O Estado dos Direitos Humanos no Mundo”, que analisa a situação dos direitos fundamentais em 155 países. A falta de medidas para reduzir a violência policial no Brasil é citada.
De acordo com o documento, pessoas negras são prejudicadas de maneira desproporcional por conta de uma série de operações policiais que acontecem na periferia e em favelas. O relatório lembrou que, em outubro de 2023, os 120 mil habitantes do Complexo da Maré foram afetados por seis dias de ações das forças de segurança. Neste período, cerca de três mil consultas médicas deixaram de acontecer e mais de 17 mil estudantes ficaram sem aulas.
O documento também cita casos de violência de gênero. No ano passado, foram 86 mil denúncias deste tipo de crime em todo o país, de janeiro a outubro.
A Anistia Internacional menciona ainda que o Brasil possui uma das maiores desigualdades do mundo e que gera uma série de violações de direitos, principalmente em relação a negros e mulheres.
O documento também cita a morte de crianças e adolescentes. Um dos casos mencionados é a morte de Thiago Flausino, de 13 anos. O adolescente foi baleado durante uma operação da Polícia Militar na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. Ele estava na garupa de uma moto, quando foi alvo dos disparos. O menor não tinha ficha criminal.
Outro caso citado é o de Eloáh Passos, de 5 anos, que morreu durante uma troca de tiros no Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Ela estava dentro de casa.
Também foi lembrada a morte de Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos de idade, que morreu depois de ser atingida por um tiro na cabeça durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Arco Metropolitano, na altura de Seropédica.
A diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, criticou a falta de investigação rápida e eficaz no caso
“A gente vê que é uma situação de descontrole, porque as polícias são ferramentas do Estado para proteção da vida e da propriedade. Elas estão fora de controle, estão cometendo essas violências, graves violações de direitos humanos e seguem sem ninguém colocar um freio. É preciso dizer que raros casos foram denunciados, menos casos ainda foram julgados e grande parte foram arquivados”, afirmou Werneck.
Fonte: g1 – Victória Henrique
Foto: EBC