O Comitê de Política Monetária (Copom)do Banco Central informou em ata divulgada hoje (6) que “não hesitará” em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação para a meta de 3%. No texto, o comitê, responsável pela análise e definição da Selic, reforçou que a afirmação foi feita de forma unânime por todos os diretores do colegiado.
No documento, o Banco Central cita um “cenário global desafiador” e avalia que o desenrolar será “particularmente importante” para definir os próximos passos de política monetária.
“O comitê, unanimemente, avalia que o momento corrente é de ainda maior cautela e de acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação, sem se comprometer com estratégias futuras”, diz o texto.
Na quarta-feira (31), o Copom decidiu de forma unânime manter a taxa básica de juros em 10,5% ao ano. A decisão veio alinhada às expectativas do mercado, que esperava a manutenção da Selic devido à alta do dólar, à deterioração de expectativas de inflação e a um câmbio mais desvalorizado.
No comunicado, o comitê avaliou que o cenário externo, “também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes”. O Copom também analisou o mercado interno, com medidas de inflação subjacente acima da meta nos últimos resultados e expectativas para 2024 e 2025 em 4,1% e 4%, respectivamente.
Na ata, o BC afirma que as projeções de inflação ficaram em 4,2% para 2024 e 3,4% para 2025, considerando a Selic constante em 10,5% ao longo do horizonte relevante. Segundo o texto, todos os membros concordaram que há mais riscos para cima na inflação, inclusive com “vários membros” enfatizando a “assimetria” do balanço de riscos.
“O comitê avalia que as conjunturas doméstica e internacional exigem ainda maior cautela na condução da política monetária. Em particular, os impactos inflacionários decorrentes dos movimentos das variáveis de mercado e das expectativas de inflação, caso esses se mostrem persistentes, corroboram a necessidade de maior vigilância”, informa o documento.
Esta é a segunda vez consecutiva que a taxa de juros foi mantida em 10,5% ao ano. Na última reunião, em junho, o Banco Central interrompeu, em decisão unânime, o ciclo de cortes da taxa básica de juros iniciado em agosto do ano passado.
A velocidade dos cortes da Selic já vinha caindo. De agosto de 2023 a março de 2024, o comitê reduziu, a cada reunião, os juros básicos em 0,5 ponto percentual. Já na reunião de maio, a redução foi de 0,25 ponto percentual.
A decisão ocorre em meio às recentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto. O petista chegou a afirmar no mês passado que o presidente do BC não demonstrava “autonomia”, tinha “lado político” e trabalhava para “prejudicar” o país.
Fonte: R7