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set 13 2024

Grileiros queimam o equivalente a 2.800 campos de futebol em terras indígenas no Pará

Grilheiros voltaram à terra indígena no Pará

Grileiros voltaram a invadir as Terras Indígenas de Apyterewa e Trincheira Bacajá, no sul do Pará, meses após a a retirada de milhares dos invasores. Eles são responsáveis por uma série de incêndios criminosos que já devastaram dois mil hectares (o equivalente a 2.800 campos de futebol), segundo denúncia de organizações socioambientais.

De acordo com a Rede Xingu+ , os focos de incêndio estão concentrados em áreas de pasto e ao longo de estradas ilegais dentro das duas terras indígenas.

O fogo é uma tática dos invasores para preparar o terreno para a criação de gado, atividade que era exercida ilegalmente dentro das áreas protegidas antes da retirada dos invasores, além da extração de madeira.

Os primeiros focos de incêndio foram identificados na primeira quinzena de julho no sul da Terra Indígena (TI) Trincheira Bacajá, que é dividida em duas áreas com 20 quilômetros de extensão cada. Nas semanas seguintes, outras queimadas foram identificadas em uma estrada ilegal que corta as duas terras indígenas. Segundo a denúncia, o fogo se espalhou por mais de 2.100 hectares entre julho e agosto, com pelo menos 62 focos em menos de dois meses.

A expulsão dos grileiros da Trincheira Bacajá foi oficialmente concluída em março. Porém, menos de seis meses depois já havia focos de incêndio no interior da TI, sugerindo o retorno dos invasores. Além dos ocupantes ilegais, milhares de bois foram retirados do território dos Parakanã .

“Os fazendeiros estão entrando de novo, estão botando muito fogo e queimando pasto. Tem muita fumaça nas aldeias por causa das queimadas, nunca tinha visto isso acontecer”, detalha Nenexiga Parakanã , secretário da Associação Tato’a , representante dos indígenas do povo Parakanã, que vive em Apyterewa.

A terra indígena Apyterewa, vizinha à Trincheira Bacajá, também sofre sucessivas investidas com uso de fogo, poucos meses depois de ter passado por uma desintrusão.

Apyterewa lidera o ranking como a terra indígena mais desmatada da Amazônia desde 1997, ano de início da série histórica do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), produzido pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Na sequência aparecem outras terras demarcadas da bacia do rio Xingu, como Cachoeira Seca, Ituna/Itatá e Trincheira Bacajá.

Durante o pico das queimadas em agosto, duas crianças indígenas tiveram que ser levadas de avião para receber tratamento em Altamira. “Elas não conseguiam respirar”, conta Nenexiga. A informação foi confirmada pelo assessor indígena do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Altamira, Xokarowara Parakanã. As crianças têm menos de um ano e vivem em aldeias próximas às áreas invadidas.

No final de agosto, os Parakanã já denunciavam o avanço do fogo na Apyterewa. No mês anterior, eles foram atacados por pistoleiros enquanto coletavam cacau em uma antiga fazenda ilegal. A Associação Tato’a foi a Brasília pedir reforço no policiamento do território, que atualmente conta com três bases de proteção operadas pela Fundação Nacional de Povos Indígenas (Funai).

Segundo a Polícia Federal , a delegacia de Redenção do Pará vai investigar os incêndios, além de articular com outros órgãos federais, como a Funai , para “realizar incursões nas áreas atingidas visando a identificação dos autores dos atos criminosos”. O Ministério Público Federal instaurou uma notícia de fato para apurar as responsabilidades criminais pelo fogo.

Em nota, o  Ibama afirmou que vai mobilizar três mil brigadistas e que vai criar bases na Amazônia, mas não tratou de planos específicos para as TIs Trincheira Bacajá e Apyterewa. O MPI e a Funai informaram, também em nota, que reconhecem a “gravidade” da situação e que “serão intensificadas as ações de fiscalização e monitoramento” das áreas, “para coibir práticas ilegais de desmatamento e criação de gado”.

Fonte/foto: iG

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