Mesmo preso na Penitenciário da Papuda, em Brasília, o ex-senador Luiz Estevão virou réu, mais uma vez, por corrupção. O empresário foi denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal, no começo de janeiro, por ter “oferecido vantagens indevidas a carcereiros” em troca de tratamento diferenciado na prisão.
Entre as vantagens, estaria a doação de um imóvel para um agente penitenciário. O recebimento da denúncia, pela Justiça, foi confirmado pelo advogado de Luiz Estevão no começo da tarde desta quarta-feira (30). Marcelo Bessa que “a defesa tem certeza de que o Poder Judiciário irá absolver Luiz Estevão”. O processo corre em segredo de Justiça.
A denúncia sobre a doação de um imóvel para um dos agentes da Penitenciária da Papuda em troca de privilégios chegou à Vara de Execuções Penais (VEP) no final de 2016. Ela foi entregue, de forma anônima, para a juíza Leila Cury.
Em março de 2017, uma inspeção na cela do ex-senador encontrou produtos proibidos como chocolate, cafeteira elétrica, cápsulas de café, macarrão importado e cinco pen drives. As buscas foram autorizadas pela Justiça e motivadas pela denúncia, feita por um detento, de que políticos estariam recebendo “regalias” na prisão.
Após a inspeção, a Justiça do Distrito Federal determinou que o ex-senador ficasse isolado no Complexo da Papuda por “falta disciplinar”. Ele ficou 10 dias no Pavilhão Disciplinar e o diretor do Centro de Detenção Provisória (CDP), Diogo Ernesto de Jesus, foi exonerado.
Luiz Estevão também é acusado pelo Ministério Público de financiar a reforma do bloco onde cumpre pena. O ex-subsecretário do Sistema Penitenciário (Sesipe) Cláudio Magalhães, o ex-coordenador-geral da Sesipe João Helder Ramos Feitosa e o ex-diretor do Centro de Detenção Provisória (CDP) Murilo Cunha também foram denunciados “por serem coniventes com a regalia”.
Considerada “luxuosa” em comparação ao restante da unidade, a ala de vulneráveis ocupada por Estevão tem sanitário e pia de louça, chuveiro, cortina, tapete, cerâmica e paredes pintadas. Segundo o MP, a reforma foi paga por meio de uma empresa de fachada.
O caso terminou com o indiciamento do senador cassado por corrupção passiva. O ex-senador e empresário cumpre pena de 26 anos depois de ter sido condenado por fraudes e desvios nas obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. Essa sentença já transitou em julgado, ou seja, não pode ser alvo de novos recursos.
Fonte: G1