RENATO RIELLA
Venho acompanhando de forma distraída o protesto dos moradores do condomínio Ilhas do Lago contra o barulho musical produzido na muito antiga Concha Acústica de Brasília.
De repente, despertei, fazendo grave constatação.
A Concha sempre esteve ali, desde os primeiros tempos de Brasília, e se destina a abrigar espetáculos sonoros – tanto que se chama Acústica.
Já Ilhas do Lago é um projeto imposto pelo então vice-governador Paulo Octávio, que configura grave irregularidade urbanística em Brasília, cometida na década passada.
Esse condomínio seria na verdade um hotel. Na prática, foi vendido como residência. Hoje serve como moradia imprópria e ilegal para muitas famílias, pois a legislação não permite a construção de unidades residenciais naquela área, às margens do Lago Paranoá.
É um setor destinado a lazer e hotéis, sem moradia fixa. Mas, de repente, sem conhecer seus péssimos antecedentes, os moradores que acreditaram na proposta de Paulo Octávio querem interditar a Concha Acústica e seus barulhos “acústicos”.
O rabo está querendo comer o cachorro, como costuma acontecer no Brasil, um país sem lei.
Se a Concha não puder ser Acústica, é melhor implodi-la, para a construção de Ilhas do Lago II, a Reincidência.
