RONALDO DUQUE
Deixei de fumar cigarros. É vero que, de vez em quando, dou umas baforadas. Mas me deprimo em seguida.
Também deixei de tomar cervejas em quantidades industriais, como sempre fiz. Tenho substituído pelo vinho. Como o médico disse que posso tomar uma taça por dia, faço o acumulado da semana e entorto três garrafas no sábado. E aí que me da vontade de fumar, dou duas baforadas e fico deprimido.
Sou duro na queda e nos vícios, mas aos poucos vou mudando e hoje tenho uma vida saudável. Na verdade, mais ou menos.
Como pouco, ando 40 minutos de esteira por dia, almoço abobrinha na chapa e me esverdeio de alface e rúcula com mel e mostarda.Mandei 13 quilos pro ralo. Bom, né?
Leio muito, trabalho pra cacete, tenho quatro cachorros, dois gatos, umas 400 galinhas, três bodes, 5 cavalos, três filhos… tô sempre muito ocupado. Bem humorado só de manhã cedo.
Pois bem, amigos, digo isso tudo para confessar a enfermidade que me devora e que acredito de difícil cura: ver os noticiários da televisão. Estou à beira de um ataque de nervos ou quem sabe algo mais grave.
É sério, não estou brincando!
Acordo com o Bom dia Brasil, vejo em seguida a Record, às 10 vou pra Globonews, encaro o DFTV, jornal Hoje e assim por diante.
Isso trabalhando, escrevendo no computador, na ilha de edição, filmando.
Na caminhada, coloco os fones e lá está o Sardemberg e a Miriam Leitão baixando o sarrafo. Eles não dormem, fazem hora extra o tempo todo. E eu ouvindo, ouvindo…
Acordei agora, domingo, 7 da manhã. Como não tem telejornal, só missa, tô eu aqui me maldizendo, reclamando, quase de mau humor.
Por favor, me perdoem ! Vou parar com essa ladainha. Limpar o cocô do meu cachorro Xico que veio morar no AP, tomar meus remédios e comprar umas frutas na feira do produtor de Vicente Pires.
Adoro feiras. Comer uma tapioca, tomar um cafezinho e ler o Correio, na esperança de alguma notícia boa. Vício é vício.