Em depoimento à CPI da Covid hoje (2), o ex-secretário da Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo(foto) negou envolvimento em um suposto esquema de fraudes em testes rápidos contra a Covid-19. Aos senadores, disse ainda que a indicação dele para o cargo teve motivação “técnica” e afirmou que provará a inocência.
O ex-secretário foi preso em agosto do ano passado, no âmbito da Operação Falso Negativo, iniciada pelo Ministério Público com apoio da Polícia Civil no Distrito Federal e de demais estados.
A operação apura a venda de testes rápidos de baixa qualidade e com sobrepreço, de modo a indicar falso resultado negativo em pessoas contaminadas com o coronavírus. Araújo deixou a secretaria após a prisão.
Segundo os investigadores, há indícios de que a Precisa Medicamentos foi beneficiada em processos de compra dos testes, com direcionamento ilegal à empresa.
A Precisa também fechou contrato com o Ministério da Saúde para venda da vacina indiana Covaxin. O negócio está sob investigação e acabou cancelado por indícios de irregularidades.
Aos senadores, Araújo negou relação com a empresa e disse não ter nenhum contato com pessoas da Precisa.
“Eu, como secretário de Saúde, mandei cancelar o processo [de compra de 50 mil testes] e reabrir para comprar 300 mil testes, onde participaram sete empresas, entre elas a Precisa. Eu tenho a minha consciência tranquila, em paz, que não tem e nem terá a minha digital em nenhum só lugar de relação com a empresa Precisa”, afirmou.
Durante a audiência, senadores criticaram a compra de testes de baixa qualidade e ressaltaram a possibilidade de eles terem proporcionado o aumento das contaminações e de mortes. Araújo, porém, ressaltou que os testes eram certificados.
“A secretaria recebeu os testes, testou a população. Se tem algum teste que matou alguém, a responsabilidade é da Anvisa, porque os testes foram todos avalizados pela Anvisa”, afirmou.
Um dos principais defensores da convocação de Araújo, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) perguntou se Araújo “dorme bem”.O ex-secretário respondeu que “muito bem”, por ter a “consciência tranquila”.
“Mesmo sabendo que milhares de pessoas tiveram suas vidas afetadas por essa Covid e há várias irregularidades na secretaria e nos Iges [Instituto de Gestão Estratégica de Saúde]?”, questionou o senador.
Izalci Lucas afirmou ainda que a comissão estava diante “do maior escândalo de corrupção na saúde pública do DF” e apresentou um organograma que mostraria a composição de uma suposta “máfia” na rede pública da capital.
Aos senadores, Araújo negou ter chegado ao cargo por influência política. Ele contou que conheceu o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), após a eleição, e que foi convidado por ele para a secretaria.
Durante o depoimento, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) questionou se Araújo teria alguma relação com o Partido Progressista (PP).
“Absolutamente nenhuma. A mesma relação que eu tenho com algumas pessoas do PP é a mesma relação que eu tenho com vossa excelência.
Nunca tive nenhuma indicação de vossa excelência nem de ninguém do vosso partido. É a mesma relação, na íntegra, com o Partido Progressista”, afirmou.
Na sequência, Araújo foi perguntando sobre a relação com o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).
“Não o conheço”, respondeu, acrescentando que “em momento algum” esteve com ele.
Com informações de G1
Foto: A Gazeta