RENATO RIELLA
Comprar figurinhas da Seleção! Abrir os envelopinhos com ansiedade! Conferir as repetidas! Pensar em trocá-las! Contar quantas ainda faltam para completar o Album!
Tudo isso é um prazer infantil que pode – e deve – ser compartilhado por pessoas de boa educação, sociáveis, que buscam momentos de felicidade em família e com os amigos.
“Por favor, confira aqui se temos esta!” “Pô, que cara feio!” “Finalmente tirei um Cristiano Ronaldo!”
Deito e lembro de momentos desse tipo que vivi em Salvador, quando criança, e em Brasília, com meus filhos.
De repente, leio hoje no Correio uma ótima reportagem sobre o novo Álbum da Seleção, que está bombando. No meio da matéria, aparece um carinha de 18 anos se gambando (no caso dele é gambar, mesmo), porque gastou R$ 1.000 e completou todas as figurinhas em apenas uma hora.
Coitado! Não teve pai. Só pode ser essa a explicação para tanta falta de educação emocional. Se fosse assim, a editora não lançava um álbum de figurinhas. Vendia já uma revistinha barata com fotos de todos os jogadores impressas.
Viver é respirar cada momento com o seu sabor e o seu cheiro, captando os raros momentos de felicidade que Deus nos oferece.
Daqui a pouco, num zás, retornamos à realidade de Pasadena, de crimes nas favelas, de times decadentes no Brasil. Mas, por alguns minutos, por favor, me dê uma trégua para colar dez figurinhas neste Álbum que só vou completar em junho. E não vou gastar R$ 1.000.
