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ago 28 2024

Confiança dos comerciantes na economia tem a maior queda desde novembro

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou 108,7 pontos em agosto, uma queda de 1,5% em relação a julho. Esta marca a quarta retração consecutiva e a mais acentuada do período.

Um ponto crítico se destaca: a confiança dos comerciantes quanto às condições atuais da economia sofreu uma queda de 5%, o menor índice desde novembro do ano passado, quando chegou a cair 5,1%. Em comparação com o mesmo mês do ano anterior, a redução do Icec foi de 1,8%, intensificando a tendência negativa iniciada em janeiro de 2023.

A análise dos comerciantes sobre as condições atuais do comércio, que recuou 2,8%, pode ser atribuída à queda de 1% do comércio ampliado em junho, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As indefinições relacionadas ao futuro da taxa Selic, à inflação e às contas públicas também pressionam as expectativas para os próximos meses.

José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, ressalta que diversos fatores impactam diretamente a confiança dos empresários, especialmente no setor varejista. “A economia brasileira enfrenta um cenário com algumas dúvidas no horizonte, com a questão fiscal e uma inflação que ainda preocupa, apesar dos ajustes recentes na taxa de juros”, afirma.

Em um ambiente econômico mais desafiador, a cautela dos comerciantes reflete-se no mercado de trabalho. A intenção de contratação de novos funcionários registrou uma queda de 1,5% em agosto, enquanto o subindicador que mede as intenções de investimento recuou 0,8%. Contudo, a percepção em relação aos estoques apresentou um leve crescimento de 0,3%, sinalizando a importância do controle de produtos para a manutenção da estabilidade dos negócios.

A confiança do empresário do comércio em agosto foi particularmente afetada no segmento de roupas, calçados, tecidos e acessórios, que registrou queda de 1,8%. Produtos de primeira necessidade, como alimentos e medicamentos, tiveram uma redução de 1,4%, e bens duráveis, como eletrodomésticos e veículos, caíram 1,3%. No segmento de bens semiduráveis, a intenção de investimento na empresa foi o item com maior queda, recuando 2,6%. Entre os bens não duráveis, a maior retração foi na confiança em relação ao momento atual da economia, com uma queda de 4,8%.

Apesar das quedas, o investimento em estoques apresentou um resultado positivo, com crescimento de 1,4% nos bens não duráveis e 0,4% nos duráveis, refletindo a preocupação desses segmentos com o controle de seus produtos, essencial tanto para itens perecíveis quanto para produtos de alto valor agregado. Em contrapartida, o segmento de supermercados, farmácias e lojas de cosméticos apresentou a maior queda na percepção atual do comércio, com redução de 4%, ficando também abaixo do nível registrado em agosto de 2023, uma retração de 7,6%.

Em relação aos empresários de produtos duráveis, houve uma melhora na comparação anual deste item, com aumento de 5,1%, apesar da queda mensal de 2%, atribuída a uma taxa de juros mais favorável em relação ao ano anterior. No entanto, a incerteza sobre a manutenção dessas taxas de juros em níveis baixos e a possibilidade de novos aumentos no futuro já afetam as expectativas para os próximos meses.

O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, observa que o clima de apreensão deve permanecer entre os varejistas. “Apesar de um cenário de juros mais favorável, a incerteza sobre a duração dessas condições gera cautela entre os empresários, que já começam a prever desafios nos próximos meses”.

Fonte: Ascom/CNC

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